BEATO FRANCISCO: HERÓICA PACIÊNCIA NA DOR

Nas primeiras duas semanas da doença, Francisco estava extremamente mal. Com o passar dos dias, porém, teve uma ligeira melhora, o que levou as pessoas a dizer-lhe que depressa ficaria bom. Mas ele apenas balançava a cabeça e respondia:

- Eu nunca voltarei a ficar bom. Vou morrer.

Sua madrinha, que muito o queria, procurava desviá-lo desse pensamento:

- Tolice! Fiz uma promessa à Santíssima Virgem de que, se você ficar bom novamente, venderei o teu peso em trigo e darei o dinheiro para a capela da Cova da Iria.

Ao que o pastorinho logo replicava:

- A senhora não terá que cumprir essa promessa, madrinha. Eu bem o sei.

Por aqueles dias, enquanto conversava com a irmã sobre como oferecer seu sacrifício pelos pecadores, apareceu-lhes a Senhora do Rosário. Olhava-os com grande bondade e doçura, fazendo com que os corações das duas crianças seBeato Francisco Martoenchessem de celeste alegria. Francisco estava certo de que Ela viera para buscá-lo. Entretanto, Nossa Senhora lhe disse, carinhosamente:

- Ainda não, Francisco. Mas em breve virei buscar-te para o Céu, como prometi.

Ficava-lhe ainda, portanto, um pouco de tempo para consolar com seu sofrimento Nosso Senhor e o Imaculado Coração de Maria. E para dar bom exemplo a todos quantos o visitavam. "Ficar no seu quarto era como se estivesse dentro de uma igreja", comentou uma vizinha, depois de se encontrar com o pequeno.

Apesar das muitas dores que sentia, Francisco sempre se mostrava alegre e contente, suportando tudo com uma paciência heróica, sem nunca deixar escapar um gemido, nem a mais leve queixa. Em diversas ocasiões, Lú­cia perguntou-lhe se sofria muito, ao que ele respondia, invariavelmente:

- Sim, mas não importa. Sofro para consolar a Nosso Senhor, por amor d'Ele e de Nossa Senhora. E depois, daqui a pouco vou para o Céu!

Sua única lamentação era por não ser mais capaz de rezar e consolar o Santíssimo Sacramento, na igreja paroquial. Às vezes, quando Lúcia o visitava antes de ir para a escola, Francisco lhe dizia:

- Olhe! Vá à igreja, e dê muitas saudades minhas a Jesus escondido. O que me dá mais pena é não poder mais ficar algum tempo com Ele.

Se percebia que a prima estava passeando com certos colegas, ainda acrescentava:

- Não ande com eles, porque você pode aprender a cometer pecados. Quando sair da escola, vá ficar um pouco junto de Jesus escondido, e, depois, venha sozinha.

À medida que a doença progredia, e as forças lhe iam faltando, o pastorinho se via obrigado a abandonar não só seus hábitos piedosos, como também, e sobretudo, suas antigas penitências. Assim, um dia chamou a prima e, sem que nin¬guém os visse, entregou-lhe a corda que usava para fazer sacrifício, dizendo-lhe:

- Tome. Leve-a, antes que minha mãe veja. Já não consigo mais tê-la na cintura... 

(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria - Monsenhor João Clá)

Fonte: Arautos do Evangelho

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