NOVENÁRIO EM HONRA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Novenário em Honra do Divino Espírito Santo

Postado por Resistência Católica

 

A novena inicia no dia seguinte à Solenidade da Ascensão, sexta-feira da VI Semana da Páscoa, mesmo que a Solenidade da Ascensão seja transferida para o VII Domingo (como é o caso do Brasil).

NOVENÁRIO EM HONRA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

DES

—Imprimatur. Fortaleza, 11-11-34.

MONS. J. A. FURTADO Pro-Vigario Geral

ÀS ALMAS PIEDOSAS

Propagar o culto ao Divino Espirito-Santo é a razão deste blog que vai acompanhado dos votos ardentes de quem anseia ver tributada uma devoção con­digna ao Santificador das almas.

Lamenta-se por toda a parte que o po­vo cristão ignore o dogma da habitação em nós da terceira pessoa divina.

Em boa hora aparece este Novenário e é de esperar que da difusão dele venha resultar melhor conhecimento da preciosidade da graça entre os fiéis.

Queira o Espirito Santo abençoar este trabalhozinho feito em sua honra e ilu­mine os corações com os seus divinos dons.

BIBLIOGRAFIA

The Forgotten Paraclete—Mgr. Landrieux

La Mission de 1′Eprit Saint—E. Manning — Archevêque de Westminster.

Dévotion au Saint-Esprit — Friaque.

Catecismo Católico — Dcharbe.

L’année liturgique — Dom Gueranger.

A alma Eucaristica.

 

ORAÇÃO PREPARATÓRIA

Vinde Santo Espirito, enchei os cora­ções de vossos

fieis e acendei neles o fogo de vosso divino amor.

V — Enviae, Senhor, o vosso Espirito e tudo será creado.

V — E assim renovareis a face da terra.

OREMOS Deus, que ilustraes os corações dos vos­sos fieis com a luz do Espirito-Santo, fa­zei que pelo mesmo Espirito saibamos o que è reto, e nos alegremos sempre com sua consolação.  Amem

ORAÇÃO

Espirito-Santo, divino Paracleto, Pai dos pobres, consolador dos aflitos, Santificador das almas, eis-me prostrado em vos­sa presença; eu vos adoro com a mais profunda submissão e repito mil vezes, com os Serafins que rodeiam o Vosso trono: Santo! Santo! Santo!

Vós que enchestes de imensas graças a alma de Maria, e inflamastes de santo zelo os corações dos Apóstolos, dignai-vos também abrasar o meu coração com o vosso amor. Aparecestes em forma de nuvem, de língua de fogo, de pomba, para revelar as comunicações de vossa caridade.

Cobri-me com a sombra de vossa pro­teção, ensinai-me a maneira de vos lou­var incessantemente; dai-me costumes puros.

Em fim, sois o Autor de todos os dons celestes. Ah! eu vos suplico, vivificai-me com Vossa graça, santificai-me com vossa caridade, governai-me com vossa sabedoria, dotai-me como filho por vossa bon­dade e salvai-me pela vossa infinita mise­ricórdia, a fim de que não cesse nunca de vos abençoar, louvar e amar na terra, du­rante minha vida, em seguida no céu por toda eternidade. Amem

PRIMEIRO DIA

Meditação

O Espirito-Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Vemos como uma graça singular que esta Pessoa di­vina se digna habitar em nós. É o Espi­rito Santo mesmo que vem morar nos nossos corações, isto está escrito em cada pagina do Novo Testamento.

Si há uma cousa para admirar é que nós cristãos e católicos que temos no coração a luz da Fé e nas mãos as san­tas escrituras, cheguemos algumas ve­zes á metade de nossa existência e talvez ao fim de nossa vida sem mesmo nomear o Espirito-Santo, enquanto que falamos no Pai e no Filho.

É possível que ignoremos a presença intima do Espirito-Santo em nós?

Lastimável ignorância!

Não temos consciência das operações continuas da graça, efeito da presença do Espirito Santo em nossas almas.

Insensibilidade criminosa!

Si ha uma cousa para nossa vergonha, uma cousa que devia nos lançar de joe­lhos com o rosto em terra, é que, duran­te o correr do dia, nós vivemos como si não houvesse o Espirito Santo; somos co­mo os Efésios, que quando o Apostolo lhes perguntava si eles tinham recebido o Espirit. Santo depois que abraçaram a fé, responderam: Nós nem sabíamos que havia Espirito Santo. (Act. 19,2).

Nós vivemos no mundo e somos mun­danos; vivemos sobre a terra e as cousas da terra nos tornam terrestres; vivemos para o prazer, para o trafico, para o di­nheiro, para a leviandade, para a satis­fação de nossa vontade própria.

Si ha uma verdade preciosa a conhe­cer e doce a contemplar, uma verdade que ofereça interesse mais do que ordi­nário e contenha de alguma forma a me­dula do cristianismo, uma verdade frequentemente lembrada nos Santos Livros, e no entanto deixada quasi na sombra por quem tem o dever de pregar ao povo, é seguramente o dogma tão piedoso quan­to consolador da presença e da habitação do Espirito-Santo nas almas justas.

Eusébio conta de Leônidas, pai de Orígenes, que durante a noite, enquanto o seu filho dormia, o piedoso cristão, que logo seria martirizado, se aproximava de seu filho, e beijava-lhe com respeito o peito como um santuário do Espirito Santo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Não contristeis o Espirito Santo. Não resistais ao Espirito Santo. Não extingais o Espirito.

(Efe. 4,30 — Act. 7,51 — Tess. 5,19) 

EXEMPLO

— A ilustre Virgem de Syracuse acabava de distribuir com os pobres o rico dote que sua mãe tinha posto em reserva para o seu casamento.

Informado desta conduta e tomado de despeito, o jovem que tinha pedido a sua mão e ao qual Luzia tinha prometido con­tra a própria vontade casar-se, denunciou- a ao pretor Pascácio. Este mandou pren­der imediatamente a jovem e quando ela compareceu diante do tribunal, nada lhe foi poupado para renunciar a religião cristã, tida por vã superstição, e para sa­crificar aos deuses.

“O verdadeiro sacrifício que nós deve­mos oferecer é visitar as viúvas e os órfãos, disse Luzia, é assistir aos pobres nas necessidades. Ha três anos que eu ofereço este sacrifício ao Deus Vivo, e só resta sa­crificar a mim mesma como uma vitima que é devida á sua divina Majestade”.

—”Dizei isto aos cristãos e não a mim, respondeu Pascácio; eu sou obrigado a guardar os editos dos imperadores, meus senhores “.

Santa Luzia continuou; “Vós guardas as leis destes príncipes e eu as de meu Deus; Vós temeis os imperadores da ter­ra, eu o do céu; Vós tendes receio de ofender um homem, e eu ao Rei Imortal; Vós desejais agradar a vossos senhores e eu ao meu Criador; não penseis poder-me separar do amor de Jesus Cristo.

“‘-—”Todos estes discursos acabarão, quando vierem os açoutes, retorquiu o pretor impacientado.

—”As palavras, atalhou a intrépida Virgem, não poderiam faltar àqueles a quem Jesus Cristo disse:

Quando vós fordes levados aos tribunais não vos inquieteis sobre o que haveis de responder… o Espirito Santo falará por vós”.

—”Vós acreditais que o Espirito Santo está em Vós?

. —”Aqueles que vivem piedosamente e castamente são o templo do Espirito San­to.

—”Pois bem, eu vos mandarei a um lu­gar infame afim de que o Espirito Santo vos abandone”.

—”A violência feita ao corpo nada tira á pureza da alma; e, si vós me ultrajardes eu terei no céu uma dupla coroa”.

Deus salvou por um milagre a honra de sua esposa.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! Divino Espirito Santo que me visiteis com vossa graça e vosso amor.

Nós Vos pedimos, Senhor, que o Espi­rito Santo venha em nossos corações e morando neles os torne templos dignos de sua gloria.

LADAINHA DO ESPIRITO SANTO

Senhor, tende piedade de nós

Pai Eterno todo-poderoso, tende piedade de nós Jesus, Filho Eterno do Pai e Redentor do mundo, tende piedade de nós, 

Espirito do Pai e do Filho, Amor eterno, Santifica-nos,  Santíssima Trindade, ouvi-nos 

Espirito-Santo que procedeis do Pai e do Filho, vinde a nós  Divino Espirito, que sois igual ao Pai e ao Filho, vinde a nós, Promessa do mais terno e generoso dos Pais, vinde a nós Dom do Deus altíssimo 

Fogo Sagrado

Caridade Ardente

Unção espiritual das almas

Espirito de Verdade

Espirito de Sabedoria e de Inteligência

Espirito de Conselho e de Força

Espirito de Ciência e de Piedade

Espirito de Temor de Deus

Espirito de graça e de oração

Espirito de compunção e de confiança

Espirito de doçura e de humildade

Espirito de paz e de paciência

Espirito de modéstia e de pureza

Espirito consolador

Espirito Santificador

Espirito do Senhor que encheis o universo

Espirito de Infalibilidade que dirigis a Igreja

Espirito de adoção dos filhos de Deus

Espirito Santo ouvi-nos

Iluminai nosso espirito com vossa luz

Inflama nossos corações com vosso calor

Torna-nos firmes e corajosos na fé 

Conduzi-nos na via de vossos mandamen­tos

Fazei-nos dóceis a vossas inspirações

Ensina-nos a orar e orai conosco

Ensina-nos a nos amar e nos suportar mutuamente

Revesti-nos de caridade e misericórdia para com nossos irmãos

Inspira-nos horror ao mal

Dirigi-nos na pratica do bem

Concedei-nos o mérito das virtudes

Fazei-nos perseverar na justiça

Sede nossa eterna recompensa

 

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós

V — Vinde, Espirito-Santo e enchei os co­rações de vossos fieis.

R — E acendei neles o fogo do vosso divi­no amor.

ORAÇÃO

Que vosso Divino Espirito nos esclare­ça, abrase e purifique, e nos refrigere com seu celestial orvalho, tornando-nos fecundos em boas obras, por Nosso Se­nhor Jesus Cristo, que sendo Deus, vive e reina convosco na gloria, em união com o Espirito-Santo. Amem

SEQUENCIA

Vinde, oh! Santo Espirito, e manda do céu um raio da Vossa luz.

Vinde, oh! Pai dos pobres, vinde oh! Distribuidor dos bens, vinde oh! Luz dos corações.

Vinde oh! Consolador ótimo, doce hos­pede, e suave alegria das almas.

Vinde aliviar-lhes os trabalhos, tempe­rar-lhes os ardores, e enxugar-lhes as lagri­mas.

Oh! luz beatíssima, inflama os íntimos corações dos vossos fieis.

Sem a Vossa graça nada há no homem nada inocente.

Lava pois o que está sórdido, rega o que é seco, sara o que anda enfermo.

Abranda o que é duro, abrasa o que é frio, e reconduzi o desviado.

Concedei aos vossos servos, que em vós confiam, o setenário de vossos dons.

Dae-lhes o mérito da virtude, o dom da graça final, e o glorioso prêmio dos pra­zeres eternos. Amem

Espirito Divino acende em mim a luz que faça o meu destino ser alcançar Jesus.

SEGUNDO DIA

Meditação

O Espirito Santo é comparado a uma fonte de água viva e também a um fogo ardente.

“O fons vivus, Ignis, Charitas!”

 

A água é vida. Na natureza a água cir­cula como o sangue nas nossas veias. Quer ela brote do seio da terra ou se ar­roje das montanhas em torrentes, ou caia do céu em chuva, é a água que fertiliza a terra.

Sem ela, a terra mais rica permanece estéril. Onde há água a vida ressurge, a semente germina, a seiva circula nas plantas.

A água faz o oásis surgir no deserto!

A ação da água na natureza nos faz compreender a ação da graça nas almas.

A graça santificante, como a água, pu­rifica, refresca e vivifica.

As almas santas são comparadas a “jardins fertilizados por águas vivas”, a “árvores vicejantes plantadas na beira das águas”.

A água fertiliza a terra, mas é o sol que faz a seiva levantar, que dá á flor seu brilho e á fruta seu sabor.

Nas sagradas Escrituras, o homem jus­to é comparado á palmeira: “o justo florescerá como a palmeira”. A palmei­ra para florescer deve possuir água e sol em abundancia, pois a estes dois elemen­tos deve a vegetação tropical a sua vida.

Assim, o fogo é também principio de vida. O fogo não somente vivifica mas purifica, ilumina e inflama.

É o símbolo do trabalho da graça nas nossas almas, nos três graus de vida purgativa, iluminativa e unitiva.

O fogo torna o ferro flexível e, ao mesmo tempo que torna imaleáveis os me­tais duros, dá ao giz que o artista mode­lou a consistência de pedra. Da mesma forma, o Espirito Santo amolece os co­rações endurecidos pelo vicio e dá ás al­mas fracas a energia, e o vigor, como o fez com os Apóstolos no Pentecostes,

O Espirito Santo ilumina, vivifica, é luz para o coração: lúmen cordium, e por isso é principio de união. A fé nos aproxima de Deus, o amor nos une a Ele.

“Eu vim para lançar fogo á terra”, dis­se Nosso Senhor, este fogo que é a cari­dade, o amor.

A Nicodemos, Jesus declara que: “Si o homem não renascer da água e do Es­pirito Santo, não entrará no reino de Deus” (João III 5) e João Batista pre­gou que o Messias batizaria “no Espirito Santo e no fogo”.

Vede! Água, fogo, e sempre o Espiri­to Santo.

Este batismo de fogo, receberam-no os Apóstolos 110 dia de Pentecostes, quan­do o Espirito Santo desceu sobre eles em línguas de fogo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

A alma não está tão unida ao nosso cor­po como o Espirito divino está com a nossa alma. 

EXEMPLO

O Espirito Santo distribui seus dons conforme lhe apraz, a uns dá o dom das línguas, a outros o das profecias, das reve­lações e dos milagres.

Santo Antonio de Pádua pregou em Ro­ma e todos os homens o entenderam, em­bora sendo de nacionalidades diferentes.

—De São Francisco Xavier, Apóstolo da índia e do Japão, referem os processos de canonização que falou as línguas de vários povos tão corretamente, como si tivera nascido e sido educado no meio deles. E, sucedeu muitas vezes que, ouvindo-o pre­gar, homens de diversas nações, ao mesmo tempo, cada um deles o entendia, como si lhes falasse na sua própria língua.

—O nosso venerável Padre Anchieta, Apóstolo do Brasil, fazia milagres com tanta frequência, que o chamavam: o Taumaturgo. O seu dom de milagres ma­nifestou-se especialmente no domínio que exerceu sobre os elementos e sobre os animais.

Um dia, achava-se o Padre Anchieta á beira-mar, em profunda meditação, por tal modo que subindo a maré e sem ele o notar nem mover-se, viu-se num momen­to rodeado das ondas; porém estas nem sequer humedeceram os seus vestidos.

—Noutra ocasião, navegando o Padre Anchieta numa barca, com o mar em calma e um calor forte que sufocava os marinheiros, viu na margem de um man­gue três ou quatro guarás, e lhes disse em língua indígena: “Ide, chama vossos companheiros, e vinde fazer-nos som­bra”. Foram, e em breve voltaram em uma formosa nuvem que se pôs sobre a canoa por espaço de uma légua, até que entrando a viração, pois elas batiam as azas como que abanando com um leque, transmitiu ar fresco aos marinheiros, maravilhados de tão amigável e inespe­rado obséquio.

Este caso foi jurado pelo companhei­ro Pe. Pedro Leitão diante do P. Fernão Cardim, Provincial e diante de outras pessoas.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor.

Permiti, Senhor, que a infusão do di­vino Espirito purifique os nossos cora­ções e os faça fecundos com a intima aspersão da sua graça.   Amem

Vinde, Luz de caridade Inflamar os corações a todos nós, por piedade, defendei nas tentações.

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Meditação

O orgulho é o grande obstáculo á nos­sa perfeição. É o orgulho que nos leva a resistir a Deus, a nos perder.

Quem nos salvará de tão grande peri­go? Quem nos dará a humildade?

O Espirito Santo, infundindo em nós o dom de temor.

O dom de temor nos dá o profundo sentimento da grandeza e da soberana Majestade de Deus, em cuja presença •somos como o nada.

Praticamente, nos mostra em Deus o Mestre onipotente, o Legislador.

Um dos erros do modernismo é alte­rar as verdades da religião; o livre pen­sador glorifica o pecado e nós o julgamos com menos severidade, exalta as paixões e nós as desculpamos, nega o inferno e nós o imaginamos menos terrível do que é.  Assim, o salutar temor do juízo de Deus morre nas almas.

Temer a Deus não significa ter medo d’Ele. Este temor de Deus, dom do Es­pirito Santo, nos torna apreensivos em ofender a nosso Pai celeste, em consulta-lo nas mínimas coisas: Temor que au­menta á medida que aumenta o amor.

O Espirito Santo nos faz conceber quão grande é este Deus que a Fé revela e nos leva a nos inclinar diante de sua Majes­tade: é a Adoração.

Penetra e excita no coração um sen­timento de segurança, de abandono nas mãos de um Deus onipotente: é a Con­fiança .

Influem sobre a vontade e a move a ser­vir sempre um Mestre tão perfeito: é a Fidelidade.

Desce ao intimo da consciência inspi­rando o sentimento de compunção, tor­nando-a delicada, receios em ofender a Deus.

É neste harmonioso conjunto de res­peito, confiança, fidelidade e compunção que consiste o dom de temor.

Os frutos do dom de temor são a mo­déstia, a temperança e a castidade.

RAMALHETE ESPIRITUAL

“Bem aventurados os pobres de espirito porque deles é o reino dos céus”.

Esta bem aventurança corresponde ao dom da piedade. 

EXEMPLO

O imperador Juliano, vinte anos de­pois de ter recebido o batismo e a confir­mação, renunciou a fé e tornou-se ímpio.

Convencido de que estes dons sacra­mentos haviam impresso em sua alma caracteres indeléveis e eternos, e queren­do por força se livrar desses dons carac­teres espirituais, que sem cessar lhe cen­suravam a apostasia, recorreu a todos os meios possíveis, sem pensar que esses mesmos esforços eram uma testemunha eloquente a favor desta religião que ele combatia com tanto furor e tenacidade.

A historia relata que ele fazia correr sobre sua pessoa o sangue das vitimas imoladas nos altares dos falsos deuses, e recorria ás praticas supersticiosas, afim de destruir em sua alma a impressão, o sinal sagrado de cristão e confirmado.

Ai dele! o desgraçado só fazia irritar a cólera divina e agravar sua culpa.

A despeito de seus esforços sacrílegos, quando a trombeta do anjo chamar os ho­mens ao juízo final, será na qualidade de cristão confirmado que ele sairá do sepulcro e virá dar contas do abuso das graças que lhe, deram os sacramentos.

ORAÇÃO

Peço-vos oh! divino Espirito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom do Temor, para me servir de freio afim de não recair nas faltas passadas, das quais eu vos peço perdão.

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Temor de Deus vos suplicamos, Sempre nos vinde dominar. Todos os dons, solicitamos, Vinde em nossa alma derramar.

 

QUARTO DIA

Meditação

O dom do Temor nos cura do orgulho. – O dom da Piedade é derramado em nossas almas para combater o egoísmo, segundo obstáculo á nossa união com Deus.

Este dom da Piedade nos mostra Deus como um Pai muito bom e suscita em nossas almas um desejo ardente de lhe agradar. Faz-nos doces e confiantes para com este Pai celeste, quando pre­cisamos pedir-lhe um favor ou confessar-lhe uma falta.

Entretém em nossos corações relações de amor para com a Santíssima Virgem a quem consideramos uma Mãe terníssima e poderosa medianeira, para com os Anjos e Santos que temos como prote­tores e advogados.

Infunde em nós o amor a todos os ho­mens, sobretudo aos pobres e humildes.

Ha uma falsa piedade que é uma cari­catura da verdadeira; é superficial, es­treita, falha de sentimentos generosos e de ideias elevadas, escrava de formulas e palavras; piedade farisaica que se interes­sa mais com os objetos da piedade do que com a Virtude, que pratica os conselhos e negligencia os preceitos, se ocupa de tra­balhos supérfluos e esquece os impostos pelos dever, piedade de rotina, suspeita, sentimental, perdida num vago misticis­mo, que se acomoda a tudo, meia munda­na, meia cristã.

A piedade será para nós questão de tem­peramento? Naturezas impressionáveis fa­zem consistir a piedade em sentimentalismo; naturezas ardentes no zelo exterior; a piedade dos fracos se limita a não ofender os outros.

Será lógica a nossa piedade?

Teremos em nós uma mistura de de­voção e dissipação, misticismo em nos­sas ideias e trivial idade em nossa vida, sentimentalidade espiritual e grande cobardia em face do dever?

Há inúmeras almas piedosas, como as multidões da galileia.

Elas se comprimiam em volta de Nos­so Senhor, mas, de todas, só uma mu­lher pobre e humilde tocou o Senhor com fé e confiança.

“Quem me tocou?” perguntou Jesus. Respondeu S. Pedro; “Senhor, ás multi­dões vos cercam e Vós dizeis quem me tocou?” e Jesus disse —”Alguém me tocou, porque uma virtude emanou de mim”.

Como os raios do sol o dom da pieda­de é luz, calor e vida, e se compõe de fé, amor, e força; vai a Deus sem cons­trangimento; é o sentimento religioso em toda a sua delicadeza. É menos um ato de obediência imposto ao servo que uma prova de ternura em que se com­praz o filho.

Os frutos que produz a piedade são: a alegria espiritual e as doçuras da carida­de.’

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem aventurados os mansos porque possuirão a terra”. 

EXEMPLO

(extraído da vida de Guy de Fontgalland).

A piedade do pequeno Guy de Fongalland não é uma manifestação exterior, ritos, formulas: é a sua própria alma. .

E’ extraordinária a intimidade a que chegara Guy com seu “menino Jesus”.

Sua professora, acompanhando-o á missa tinha-lhe pedido que rezasse por uma de suas intenções. Assim fez Guy, e logo depois da Elevação voltando-se para ela, disse-lhe: “Mademoiselle, está feito, já rezei para o que a Sra. me pé- dio”.

Como há sempre pessoas que tenham da piedade uma ida medíocre, a profes­sora não deixou de fazer observar ao pe­queno que ele devia se ter abstido de fa­lar depois da Consagração:

—Mas, sim! diz Guy, quando todos a- baixam a cabeça eu a levanto, olho para Deus bem em frente e digo o que tenho a dizer-lhe: é o meu momento!

Que força no caráter! que retidão más­cula e leal na piedade.

É o meu momento, diz Guy. . .

Bem digamos a minúcia um tanto mes­quinha da excelente professora.

Ela vai nos mimosear com uma res­posta ainda mais bela.

—Mas, durante a ação de graças, quan­do Jesus está no seu coração?

—Oh! responde Guy sorrindo, ali não é a mesma coisa, Jesus me fala, eu o escuto e o saboreio!”

A propósito desta resposta, disse um padre franciscano, da mais brilhante in­teligência, que, na sua opinião, semelhan­te frase indica um estado místico muito elevado.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com Vossa graça e Vos­so amor e me concedais o dom da Pieda­de, afim de que eu possa vos servir com mais fervor, seguindo com docilidade vossas santas inspirações, observando vossos divinos preceitos...

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Divina Luz da Piedade Nos inflamando o coração Com o Santo ardor da caridade Nos purifique a imperfeição.

 

QUINTO DIA

Meditação

O dom da Ciência ensi­na aos homens as verdades da fé, a prati­ca das virtudes cristãs, dando-lhes o ver­dadeiro conhecimento de seus deveres.

Retifica e amadurece nosso raciocínio e nos torna capazes de discernir o bem do mal.

A fé é a luz de nossas almas.

Pelo dom da Ciência, o Espirito Santo faz brilhar esta virtude de maneira a dis­sipar nossas trevas; esclarece as duvidas e expele o erro.

A alma iluminada fica ciente do pouco valor deste mundo, este mundo variável e traidor, que promete mais do que dá.

O dom de Ciência nos ensina a ver Deus nas suas obras, a ler no grande livro da natureza o poema escrito por Deus, porque toda criatura é uma palavra des­te poema divino, uma espécie de sacra­mento, um sinal visível que contém um fragmento da Idea de Deus.

Os santos descobrem nas criaturas tu­do o que elas revelam de Deus, de seu poder, sabedoria, e bondade, porque as obras de arte proclamam bem alto o seu autor. Na harmonia do universo perce­bemos os traços do Criador. A marca de seus passos, a impressão de sua mão, o eco de sua palavra, o reflexo de seu pen­samento, a radiação de seu amor.

O dom de Ciência também aumenta o poder intelectual dos sábios, e ilumina os gênios. Nos iletrados dá e esclarece o bom senso, mais valioso que o arrogante conhecimento dos sábios.

A Ciência — o sentido do sobrenatural é para a alma o que a luz do sol é para os olhos, o que o conhecimento humano é para a mente. Aqueles que não possuem este dom são como os cegos que têm meios limitados de percepção: um senti­do falta a eles, e um aspeto do mundo lhes escapa.

O fruto deste dom é uma fé esclareci­da que nos ajovia a usar das criaturas sem os lastimáveis desvios.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem aventurados os que choram, por­que serão consolados. 

EXEMPLO

Santa Verônica de Milão, morta em 1494, era uma humilde camponesa, que não havia recebido instrução humana e nem sabia sequer ler. A graça do Espiri­to Santo recebida no crisma foi seu úni­co professor e lhe revelou os segredos do reino dos céus. As luzes interiores do di­vino Espirito a faziam meditar sem ces­sar nos mistérios e nas verdades principais da fé. Tornando-se religiosa, dese­jou ler as Sagradas Escrituras, e para is­to, passava as noites aprendendo a ler, sozinha; conseguido-o finalmente, tendo que vencer dificuldades incríveis.

Um dia, num momento de piedoso abandono, queixou-se a Deus da lentidão de seus progressos.

O Espirito Santo a consolou numa vi­são: “Não te inquietes, lhe disse, basta conheceres três cousas — primeiro: a pu­reza de coração, que consiste em amar a Deus acima de tudo, e em amar as criatu­ras para Ele; segundo: não murmurar nunca e suportar com paciência os de­feitos do próximo; terceiro: ter cada dia um tempo marcado para meditar sobre a Paixão de Jesus Cristo.

Fiel as lições do Espirito de Deus, San­ta Verônica avançou rapidamente no ca­minho da perfeição.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor e me concedais o dom da Ciência, afim de que eu possa conhecer bem as coisas de Deus e, esclarecido por Vossas santas instruções, andar sem me desviar do caminho de minha salvação.

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Dai-nos Ciência que nos guie A Jesus, oh! Mestre Senhor, Nossa razão jamais se alie Aos erros mil do sedutor.

SEXTO DIA

Meditação 

O dom da Fortaleza comunica á alma uma coragem sobrenatural, uma energia divina, que a torna capaz de enfrentar as dificuldades, os sofrimentos, as tentações, os perigos, as tristezas e as provações de que é cheia a vida do homem nesta terra.

O dom da Fortaleza nos torna capazes de empreender e de agir. É um movi­mento sobrenatural que dá á alma um especial controle sobre os sentidos e a na­tureza, é a tenacidade 110 bem.

É o dom que faz as grandes almas, os corações nobres e os caracteres heroicos.

Agir e sofrer: eis a vida.

Agir para Deus é a fonte da vida sobre­natural, sofrer pelo amor de Deus é o segredo da perfeição.

É o dom da Fortaleza que sustenta a alma contra os assaltos do inimigo infer­nal, contra o espirito do mundo que me­nospreza a virtude e rejeita a pobreza, a castidade e a humildade.

Todas as maravilhas de coragem, cons­tância, abnegação, penitencia, e resigna­ção são devidas ao dom da Fortaleza. Si multidões de almas de sua livre vontade procuraram a cruz e carregando-a não a acharam demasiado pesada, devem isto ao dom da Fortaleza; porque todo nosso ser se revolta contra o sofrimento. Para suporta-lo é preciso uma energia de von­tade, um império sobre si mesmo que não estão na nossa natureza e que só a graça pode dar.

Está em contradição com o dom da Fortaleza o respeito humano, unido a uma certa covardia que se intimida dian­te do juízo mundano.

Seus frutos são: a longanimidade, que não se cansa de praticar o bem, a paciência que suporta todas as provações, e a ale­gria que é a primeira recompensa dada pe­lo Espirito Santo a quem pode dizer como São Paulo “Combati o bom combate”.

 

RAMALHETE ESPIRITUAL

“Bem-aventurados os que têm fome e sê- de da justiça porque serão fartos”.

EXEMPLO

Na ultima perseguição do Japão, um japonês dizia á sua mulher, na presença de seu filhinho de dez anos: “Pobre criança!

E’ muito pequeno para confessar sua fé e ser martirizado! Tornar-se-á pagão!”

Ouvindo isto, a criança foi buscar um ferro em brasa e passou-o na mãozinha. A mãe lh’o arrancou com grandes exclama­ções.

—”Como veem, respondeu a criança, posso também vos acompanhar no mar­tírio .

Eis as maravilhas que o Espirito-San­to opera numa alma de criança!

—Lê-se nos anais da ultima persegui­ção do México um fato comovedor.

Os perseguidores tinham em seu poder um menino piedoso -a quem, á força de maltrato, queriam fazer confessar onde estavam escondidos o bispo e os padres mexicanos. Porem o pequeno permane­cia calado. Tinham-no pendurado, pre­so apenas pelos dons polegares.

Num momento dado, o pequeno mártir declarou ter uma cousa a dizer. Os malvados algozes sorriam com ar de tri­unfo, pensando tê-lo vencido.

Quando o desprenderam, ele deixou ca- ir sacudindo-as, as duas falanginhas par­tidas pela corda que segurava o corpo e então apresentou-lhes os dons indicado­res para ser suspenso novamente.

Furiosos, os algozes o ligaram sem pie­dade, e, com um tiro certeiro no coração, transplantaram esta florzinha para sua verdadeira pátria: o céu.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-santo, que me visiteis, com vossa graça e vos­so amor, e me concedais o dom da For­ça, afim de que eu possa vencer os ata­ques do demônio e todos os perigos que no mundo se opõem á salvação de minha alma.

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Na tentação cruel, terrível, Ah! sustentai o nosso ardor E que por Vós, Força invencível, Sempre lutemos com valor.

SÉTIMO DIA

Meditação

O dom de Conselho produz na ordem sobrenatural o que a prudência faz na ordem natural.

Ensina a julgar os homens e as coisas com o espirito cristão e mostra-nos a ma­neira de tratar santamente a todos. Dirige cada um em particular com uma discrição em que se unem a força e a suavida­de fazendo-o falar ou calar, agir ou espe­rar, segundo os tempos, os lugares e as circunstancias.

O dom do Conselho leva a distinguir en­tre duas coisas boas e justas qual é a me­lhor, a mais elevada, a mais agradável a Deus.

Ao barco duvidoso no mar revolto, é necessário um piloto esclarecido que co­nheça a rota segura, por entre rochedos e abrolhos.

Assim, a alma iluminada com o dom de Conselho discerne os meios e vê clara­mente o seu caminho, para o seguir com confiança, seja árduo embora, estéril ou repugnante.

Não receia o zelo indiscreto que sempre­ ande mais do que pode realizar, ficando assim salva da agitação e da inconstância.

Os mandamentos e os preceitos do Evangelho marcam a fronteira de nossas obrigações morais, e nos traçam a vereda ordinária da salvação. Mas, si os Mandamentos bastam para nos livrar da perdição, não nos libertam suficiente­mente das perplexidades e preocupações da vida. Uma regra mais estrita é exigi­da: é a dos conselhos evangélicos. Não é obrigatória. Si é apontada para to­dos, só para alguns é especialmente pro­posta.

Há no Evangelho paginas de miste­riosa significação que só penetram aque­les que tem o dom de conselho.

É o tesouro escondido do Evangelho.

Os frutos deste dom são: a docilidade e a obediência em seguir em todas as oca­siões os conselhos do Espirito Santo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem aventurados os misericordiosos por­que alcançarão misericórdia.

EXEMPLO

Nada deve se colocar como obstáculo entre nós e o serviço de Deus. Si Ele nos chama ao completo sacrifício, este sacri­fício deve ser feito.

—São Caetano ocupava em Roma uma posição honrável e lucrativa.

A atmosfera da corte pontificai, com seus esplendores permitidos, lhe pareceu perigosa; renunciou a tudo, fez-se padre e passou toda sua vida em obras de ca­ridade, para a salvação das almas.

—Santo Afonso, quando advogado, se afastou um dia, ligeiramente, da verda­de; sua consciência ficou de tal forma alarmada, que ele renunciou imediatamen­te a esta profissão, onde estavam todas as esperanças do seu futuro.

-—Santa Rosa era bela, e sua pessoa atraia a atenção. Ela cortou os cabelos, com o receio de se expor á tentação, e por sua humildade, e modéstia, encontrou facili­dade em prosseguir no caminho da santi­dade .

—São Carlos Borromeu vendeu todo seu patrimônio e em um só dia distribuiu com os pobres o dinheiro.

Não houve pastor na Igreja que traba­lhasse tão energicamente, e que tomasse tão pouco repouso como São Carlos.

Não houve jamais quem fosse tão de­dicado para ganhar as almas, não reser­vando para si um instante, como ele.

Sempre rodeado de homens, cheio de negócios, ocupado do clero, da arquidio­cese, dos necessitados.

A prece se aliava á sua ação.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom de Conselho, afim de que eu possa escolher o que é mais con­veniente á minha santificação, e descobrir as ciladas do espirito maligno.

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Vinde nos dar Vosso Conselho Que nos ensine a sempre ver em Jesus-Cristo, nosso espelho, 0 que devemos resolver.

 

OITAVO DIA

Meditação 

O dom da Inteligência nos dá a perce­pção clara, o sentido intimo das verdades divinas.

Consiste numa iluminação que nos tor­na capazes de penetrar profundamente as verdades sobrenaturais, não de um modo obscuro, mas, por uma espécie de intui­ção que vê como transparentes as pala­vras e os símbolos.

A alma contempla o objeto de sua fé, como se possuísse um novo sentido, e com olhos que se abriram para a luz de um mundo mais elevado.

“Intellectus” vem de “intus legere” que significa penetrar o espirito da letra.

A alma dotada da inteligência se sente dilatada por esta clareza, esta luz, que lhe aumenta a fé, a esperança e a caridade.

Sente-se impressionada de um modo no­vo pela leitura do santo Evangelho, acha um sentido desconhecido nas palavras do Salvador, compreende melhor o fim dos Sacramentos, sente-se comovida pelos ritos profundos da liturgia, e atraída pela vida dos Santos, que lhe causa grande edificação.

O dom da Inteligência, assim como o da sabedoria, completa a obra da perfeição, e nos conduz á contemplação.

Esta atração para a vida contemplati­va não depende das condições materiais da existência, e não é o privilegio das al­mas enclausuradas. Encontra-se ás vezes numa operaria, numa camponesa, numa mãe de família, pois, a graça da contemplação não é fruto da ciência mas antes da humildade de espirito, e da pureza de co­ração .

O fruto do dom da Inteligência é uma fé luminosa.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem aventurados os limpos de coração porque verão a Deus. 

EXEMPLO

Escreve um missionário da China:

Numa missão, encontrei uma menina- sinhá de dez anos, muito bem instruída da religião, o que nesta idade é muito raro entre os chineses. Esta criança desejava ardentemente se crismar, eu hesitava, no entanto, achando-a jovem demais. Que­rendo me certificar si sua coragem igualava sua inteligência, disse-lhe: “Depois que estiveres crismada,que farias si o man­dariam te pusesse na prisão, te interrogas­se sobre a doutrina? que responderias?

—Responderia: sou cristã pela graça de Deus.

—E si ele te mandasse renunciar ao Evangelho, que farias?

-—Responderia: Nunca.

—Se ele chamasse o carrasco e te dissesse: Apostasia, ou terás a cabeça cortada, qual seria tua resposta?

—Eu lhe diria: Corta!

Encantado de vê-la tão bem disposta e resoluta, não hesitei em administrar-lhe o sacramento da Confirmação.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito-Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor e me concedais o dom da Inteligência a fim de que eu possa entender os misté­rios divinos, e pela contemplação das coisas celestes desapegar meus pensamentos e afetos de todas as vaidades deste mun­do miserável.

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Divina luz de Inteligência a nossa mente esclarecei e com fervor e diligencia Nós seguiremos vossa lei.

 

NONO DIA

Meditação

O dom da Inteligência nos conduz á Sa­bedoria, assim como o conhecimento é o primeiro passo para o amor.

Conhecendo a excelência de uma cousa, desejamos-la.

O Espirito-Santo é luz e calor, é amor e Verdade ao mesmo tempo.

O dom da Sabedoria é ligado ao da In­teligência, enquanto ao objeto que numa é mostrado, e na outra é possuído.

O dom da Sabedoria é bem interpreta­do pela etimologia da palavra sapiência: “sapere”, saber bem, sentir o gosto, provar as coisas divinas, estimar o valor das cou­sas pelo sabor.

O dom da Sabedoria consiste na experiência do coração que possui palavra da perfeição, re­sumidas neste grito do Salmista e o dom di­vino, e se compraz na sua posse. Com efeito, a sabedoria é o amor puro, é santi­dade, é a ultima “Oh! prova e vede como o Senhor é suave”.

O dom da Sabedoria está em nossos co­rações, possuindo nós a graça santificante, e cresce, á medida que formos fieis e do­ces ás inspirações divinas.

Os que têm mais facilidade de adquirir o dom da Sabedoria são os pobres, cuja condição engendra a simplicidade, amesquinha e aniquila o orgulho que é o grande obstáculo á nossa união com Deus.

Depois dos pobres, são as crianças batizadas, pois as suas almas ainda não fo­ram manchadas, nem seus corações obscurecidos pelo pecado.

Quando a Sabedoria increada, o Filho de Deus, veio a este mundo, ela tocou em muitas coisas com suas mãos divinas: os doentes, os aflitos, os famintos, os mori­bundos, as crianças; o pão que benzeu e dividiu no deserto; a dor e o sofrimento; enfim as abraçou na Cruz. Jesus deixou em tudo o que tocou um perfume, uma doçura, que só percebem aqueles que possuem o dom da Sabedoria.

A Sabedoria é o antegosto da nossa fe­licidade eterna, é a suprema perfeição da alma em sua união com Deus.

O fruto deste dom é uma estima sin­gular da sabedoria divina.

 

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem aventurados os pacíficos porque se­rão chamados filhos de Deus.

EXEMPLO

Santo Antão, abade, cujas austeridades extraordinárias a todos causavam espanto e admiração, tinha um aspeto singular­mente alegre, de maneira que os estranhos que visitavam a solidão em que vi­via reconheciam-no á primeira vista pelo seu rosto sereno, onde brilhava o mais pu­ro gozo, e distinguiam-no entre todos os monges.

Isto parece incompreensível ao munda­no, que pensam que uma vida mortificada é penitente é incompatível com uma verdadeira alegria e gozo do Espirito Santo; vê os espinhos da abnegação, mas não as suas rosas; experimenta a amargura dos padecimentos, mas não saboreia a sua doçura; olha para a cruz, mas não vê a unção que o Espirito de paz nela infunde.

0 servo de Deus, Contardo Ferrini, ilus­tre professor de direito romano, que na cátedra da universidade italiana, fez res­plandecer ao mesmo tempo a ciência, a nobreza da fé, e a pureza dos costumes, costumava dizer: —”Eu não posso conce­ber uma vida sem oração, um despertar matutino sem o sorriso de Deus, um re­pouso noturno sem que seja sobre o pei­to de Cristo”.

Cada manhã recitava suas orações e fazia sua meditação; cada manhã ia á igreja para a “festa dos santos pensamen­tos”, como dizia. Depois de longas via­gens, mal descia do trem, procurava uma igreja para assistir ao santo sacrifício da Missa e unir-se a Jesus na comunhão.

E era um leigo e, mais ainda, professor de universidade...

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espirito Santo que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom da Sabedoria, afim

de que eu possa dirigir minhas ações a Deus, e o possua eternamente no céu, de­pois de o ter amado e servido nesta terra.  Amem

LADAINHA SEQUÊNCIA TERCEIRO DIA (está no 1o dia)

Vinde nos dar Sabedoria Que nos dispensa a salvação 0 nosso empenho noite e dia Seja alcançar a perfeição.

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NOVENÁRIO EM HONRA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO. Fortaleza. Imprimatur. 1934. Editado e formatado por Carlos Alberto de França Rebouças Junior. Fortaleza, 11 de março de 2011. Fonte.

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