O QUE SÃO AS CHAGAS DE CRISTO PARA NÓS?

As Chagas de Jesus Cristo são aquelas benditas fontes preditas por Isaías,

Das quais podemos tirar todas as graças, se as pedimos com fé: Haurietis aquas in Gaudio de fontibus Salvatoris – “Tirareis com alegria águas da fonte do Salvador”.

São em primeiro lugar fontes de misericórdia. Jesus Cristo quis que lhes fossem transpassadas as mãos, os pés e o lado sacrossanto, afim de aplacar por nós a divina justiça, e ao mesmo tempo abrir-nos um asilo seguro, o qual nos pudéssemos subtrair às setas da ira de Deus.

Por isso, o Senhor mesmo nos anima, dizendo no Cântico dos Cânticos: Vem, pomba minha, nas aberturas da pedra; isto é, na interpretação de São Pedro Damião: vem dentro das minhas chagas, onde acharás todo o bem para sua alma.

– Mais expressivas ainda são as palavras de que se serve na profecia de Isaías: Ecce in manibus méis descripsi te – “Eis aí que te gravei em minhas mãos”.

Como se dissesse: minha pobre ovelha, tem ânimo; não vês quanto me custaste? Eu te gravei em minhas mãos, nestas chagas que recebi por teu amor. Elas me solicitam ajudar-te e defender-te de teus inimigos; tem, pois, amor e confiança em mim.

As chagas de Jesus são também fontes de esperança; porquanto, como escreve São Paulo, o Senhor quis morrer consumido pelas dores, afim de merecer o Paraíso para todos os pecadores arrependidos e resolvidos a emendar-se: Et consummatus, factus est omnibus obtemperantibus causa salutis – “E pela sua consumação foi feito autor da salvação para todos os que lhe obedecem”.

– Durante uma enfermidade, São Bernardo se viu certa vez transportado perante o tribunal de Deus, onde o demônio o acusava de seus pecados e lhe dizia que não merecia o Céu.

Respondeu-lhe então o Santo:

“É verdade que não mereço o Paraíso; mas Jesus tem dois direitos para este reino: um por ser Filho verdadeiro de Deus, outro por tê-lo merecido com sua morte. Contentando-se com o primeiro, cedeu-me o segundo, em virtude do qual peço e espero a glória celeste”.

É isto, meu irmão, que nós podemos dizer: As Chagas de Jesus Cristo são os nossos merecimentos, a nossa esperança: Vulnera tua merita mea.

Chagas de Jesus, fornalhas de amor

As Chagas de Jesus Cristo são, em terceiro lugar, fontes de amor; porque as águas que ali brotam, purificam as almas e ao mesmo tempo abrasam-nas daquele santo fogo que o Senhor veio acender sobre a terra nos corações dos homens.

Pelo que São Boaventura exclama: “Ó Chagas que feris os corações mais duros e abrasais as almas mais frias de amor divino”.

São Paulo protestou solenemente de si: Non enim iudicavi scire me aliquid inter vos, nisi Iesum Christum, et hunc crucifixum – “Não entendi saber entre vós causa alguma senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.

Não ignorava, de certo, o Apóstolo que Jesus Cristo nascera numa gruta, que passara trinta anos de sua vida numa oficina, que ressuscitara e subira ao céu.

Não obstante isso diz que não queria saber senão de Jesus crucificado, porque este mistério o excitava mais a amá-lo, visto que as sagradas Chagas lhe diziam o amor imenso que Jesus nos teve.

– Recorramos, pois, frequentes vezes por meio de uma meditação atenta, a estas fontes divinas do Salvador: Omnes sitientes venite ad aquas – “Todos vós os que tendes sede, vinde às águas”.

Eterno Pai, lançai vossos olhos sobre as Chagas de vosso divino Filho: estas Chagas vos pedem todas as misericórdias para mim; perdoai-me, pois, as ofensas que vos fiz; apoderai-vos de meu coração todo, para que não ame, busque nem deseje coisa alguma fora de Vós.

Ó Chagas de meu Redentor, formosas fornalhas de amor, recebei-me e inflamai-me, não com o fogo do Inferno que mereço, mas com a Santa chama de amor a este Deus que quis morrer por mim, à força de tormentos.

– “E Vós, Eterno Pai, que pela paixão de vosso filho unigênito e pelo sangue que Ele derramou por suas cinco chagas, renovastes a natureza humana, perdida pelo pecado: concedei-me propício que, venerando na terra estas chagas divinas, eu mereça conseguir no Céu o fruto do sangue preciosíssimo de Jesus”.

– Fazei-o pelo amor do próprio Jesus Cristo e de Maria Santíssima.

Fonte: retirado do livro “Meditações para todos os dias do ano” de Santo Afonso de Ligório.

Fonte: Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus

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