AS DORES DE NOSSA SENHORA-PROFECIA DE SIMIÃO

Apresentação do Menino Jesus
“Oh Santa Mãe, fixai as chagas do Crucificado fortemente em meu coração;
de Vosso Filho ferido que por mim quis sofrer, partilhai comigo as dores.”

A Primeira ferida
A ferida inicial foi a profecia de Simeão. O Divino Menino, com a idade de quarenta dias, foi levado ao Templo; mal Simeão teve em seus braços a Luz do Mundo, logo de seus lábios saiu o canto do cisne: está pronto a morrer, porque viu o Salvador. Depois de ter anunciado que esse menino será objeto de contradição, disse a Maria:
A Tua alma será trespassada por uma espada de dor.”

Notai que Simeão não disse que uma espada lhe trespassaria o corpo. A lança do centurião poderia trespassar o Corpo de Cristo; o Seu Corpo poderia ter sido ferido ao ponto de os seus ossos se poderem contar, mas o Corpo de Maria será poupado.
Assim como, na Anunciação, quando Ela concebeu, o êxtase – ao contrário do amor humano – foi, primeiro, na sua alma, e, depois, no seu corpo, assim, na sua compaixão, as dores do martírio penetram primeiro a sua alma, para depois terem ressonância no seu corpo, como eco de todos os golpes com que a carne de Seu Filho foi flagelada, com que as Suas mãos e os Seus pés foram trespassados.

A Espada só tem quarenta dias e todavia já sabe como ferir. Desde aí, quando Maria tocar nas mãos dum menino, nelas verá a sombra de um prego. Se o seu coração houvesse de formar um só com o de Jesus, então, como Ele, devia ela ver todos os pores-de-sol tintos do sangue da Paixão. As Suas pequeninas pulsações seriam, para o seu coração, a trágica advertência dos terríveis martelos.

A sua dor não será o que ela sofre, mas saber o que Ele sofrerá…O gume da espada destinado ao Salvador significava, para sua Mãe, pela boca de Simeão, que Ele devia ser vítima para o pecado. A parte que a ela dizia respeito consistia em saber que, até à hora do supremo sacrifício, ela era responsável pela vida de Jesus.

Com uma só palavra, Simeão previu a Crucifixão e a sua dor.
Mal essa nova barca foi lançada às águas da vida, logo um ancião lhe anunciou o naufrágio. A Mãe teve quarenta dias para beijar o Seu Filho com alegria. Só; mais nada. A sombra da contradição alastra para sempre sobre o seu futuro. Maria não beberá, decerto, o cálice do pecado, nem a borra amarga que Seu Filho beberá no Jardim das Oliveiras; todavia, Ele lhe aproximará dos lábios o cálice.

A hostilidade do Mundo é o prêmio que cabe a todos aqueles que pertencem a Jesus. Quantos convertidos não têm sentido o fanatismo ou o desprezo daqueles que lhes censuram o terem deixado a mediocridade do Mundo pelas alturas do sobrenatural!

Nosso Senhor, falando dessa oposição, disse:
“Vim para trazer a espada com que separe o pai do filho, a mãe de sua filha.”

Se o crente sente a contradição, quanto mais a não sentirá Maria, Mãe d’Aquele que iria conduzir a Cruz, símbolo da contradição. Mas uma vez que Cristo trazia a espada ao Mundo, devia ser sua Mãe a primeira a experimentá-la, não como vítima involuntária, mas pronunciando livremente o seu FIAT, para a Ele se unir no ato da Redenção.

Se vós fôsseis o único de olhos abertos num mundo de cegos, não quereríeis ser o seu amparo?

Se a bondade se comove perante as feridas, não tentará a virtude, perante o pecado, cooperar na obra d’Aquele que limpa os pecados?

Se Maria, sem pecado, aceita com alegria a espada que lhe vem da Divindade sem mancha, qual de nós, pecadores, se lamentaria, quando o próprio Jesus nos permite sofrer pela remissão das nossas faltas?

“Ó Maria, trespassada de dores;
Salvai-nos! Tocai e salvai
a alma daquele que amanhã comparecerá perante o Todo-Poderoso;
Uma vez que todo o homem nasceu de uma mulher
por cada um que disso precise,
amigo leal ou inimigo corajoso,
Intercede, Tu, ó Senhora!”
(O Primeiro Amor do Mundo – Arcebispo Fulton J. Sheen)

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