DEUS É O NOSSO DIVINO PROVEDOR- Parte II

Confie a Ele todas as necessidades!Um corvo traz pão à São Paulo, o Eremita.

Deus provê as nossas necessidades.
Não vos inquieteis”, diz o Senhor. Qual será o sentido exato desse conselho? Deveremos, para obedecer à direção do Mestre, negligenciar completamente os negócios temporais?
Não duvidamos de que a graça peça, às vezes, a certas almas, o sacrifício de uma pobreza estrita e de um total abandono à Providência. É notável, entretanto, a raridade dessas vocações. Os outros, comunidades religiosas ou indivíduos, possuem bens; devem geri-los prudentemente.
O Espírito Santo louva a mulher forte que soube governar bem sua casa. Ele no-la mostra, no Livro dos Provérbios, acordando bem cedo para distribuir aos criados a tarefa quotidiana e trabalhando também com suas próprias mãos.
Nada escapa à sua vigilância. Os seus nada têm a temer: Acharão todos, graças à sua previdência, o necessário, o agradável e, até, certo luxo moderado. Seus filhos a proclamam bem-aventurada, e seu marido exalta-lhe as virtudes.
A Verdade não teria louvado tão calorosamente essa mulher, se ela não houvesse cumprido o seu dever.
Cumpre, pois, não se afligir; ocupando-se embora razoavelmente de seus afazeres, não se deixar dominar pela angústia de sombrias perspectivas de futuro, e contar, sem hesitações, com o socorro da Providência.
Nada de ilusões! Uma confiança assim pede grande força de alma. Temos que evitar um duplo escolho: a falta e a demasia.
Aquele que, por negligência, se desinteressa de suas obrigações e de seus negócios, não pode, sem tentar a Deus, esperar um auxílio excepcional.
Aquele que dá às preocupações materiais um primeiro lugar de suas cogitações, aquele que conta mais consigo do que com Deus, engana-se ainda mais crassamente; rouba assim ao Altíssimo o lugar que Lhe compete em nossa vida.
In médio stat virtus”: entre esses extremos encontra-se o dever.
Se nós nos tivermos ocupado prudentemente de nossos interesses, a aflição do futuro importará desconhecimento e menosprezo do poder e da bondade de Deus.
Nos longos anos que São Paulo, o Eremita, viveu no deserto, trazia-lhe um corvo, cada dia, meio pão. Ora, aconteceu que Santo Antão viesse visitar o ilustre solitário.
Conversaram longamente os dois santos, esquecidos em suas piedosas meditações da necessidade do alimento. Pensava neles, porém, a Providência: o corvo veio, como de costume, trazendo, porém, desta vez, um pão inteiro!
O Pai celeste criou todo o universo com uma só palavra; poderia ser-Lhe difícil socorrer seus filhos na hora da necessidade?
São Camilo de Lelis havia-se endividado para tratar dos doentes pobres. Os Religiosos se alarmavam. “Para que duvidar da Providência?” – tranquilizava-os o Santo.
“Será a Nosso Senhor dar-nos um pouco desses bens de que cumulou os judeus e os turcos, inimigos uns e outros de nossa fé?”. A confiança de Camilo não foi iludida; um mês depois, um dos seus protetores legava-lhe, ao morrer, soma considerável.
Afligir-se com o futuro é desconfiança que ofende a Deus e provoca a sua cólera.
Quando os hebreus, fugindo do Egito, se viram perdidos nas areias do deserto, esqueceram-se dos milagres que Jeová havia feito em seu favor… Tiveram medo, murmuravam…
Deus nos poderá sustentar no deserto? Poderá dar pão ao seu povo?” Essas palavras irritaram o Senhor. Contra eles lançou o fogo do céu; sua cólera caiu sobre Israel, “porque não tinham tido fé em Deus e não tinham confiado no seu socorro”.
Nada de aflições inúteis: o Pai vela por nós.
Deus provê quem busca o Seu Reino
Procurai primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo”.
Foi assim que o Salvador concluiu o discurso sobre a Providência. Conclusão consoladora, que encerra uma promessa condicional; de nós depende o sermos por ela beneficiados.
O Senhor Se ocupará tanto mais dos nossos interesses quanto nós com os dEle nos preocuparmos.
Convém parar para meditarmos as palavras do Mestre.  Uma questão logo se nos depara: onde se acha esse Reino de Deus que devemos procurar antes de tudo mais?
Dentro de vós”, responde o Evangelho.
Procurar o Reino de Deus é, pois, levantar-Lhe um trono em nossa alma; é submetermo-nos inteiramente ao seu domínio soberano. Conservemos todas as nossas faculdade sob o cetro misericordioso do Altíssimo.
Lembre-se a nossa inteligência de sua constante presença, conforme-se a nossa vontade em tudo com a sua vontade adorável, voe o nosso coração para Ele com frequência, em atos de caridade ardente e sincera. Teremos, então, praticado essa “justiça” que, na linguagem da Escritura, significa a perfeição da vida interior.
Teremos seguido, então, à risca, o conselho do Mestre: teremos procurado o Reino de Deus.
E tudo o mais vos será dado por acréscimo”.
Há aí uma espécie de contrato bilateral: do nosso lado trabalhamos para a glória do Pai celeste; do seu lado o Pai Se compromete a prover às nossas necessidades.
Lançai, pois, todas as vossas preocupações no Coração Divino; cumpri o contrato que Ele vis propõe; Ele cumprirá a palavra dada: velará sobre vós e “vos sustentará”.
“Pensa em mim, diz o Salvador a Santa Catarina de Siena, e Eu pensarei em ti…” E, séculos mais tarde, no mosteiro de Paray, prometia a Santa Margarida, para aqueles que fossem particularmente devotos do Sagrado Coração, o êxito de suas empresas.
Feliz o cristão que se conforma bem com essa máxima do Evangelho! Ele procura Deus e Deus lhe zela os interesses com a sua onipotência: “que lhe poderá faltar?”.
Pratica as sólidas virtudes interiores, e evita assim a desordem: as faltas, os vícios que são as causas mais comuns dos fracassos e das ruínas.

Fonte: retirado de “O Livro da Confiança” do Rev. Pe. Thomas de Saint-Laurent.

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