MAIO COM MARIA: Dia 26 - O nome de Maria é suave na vida
Honório, santo anacoreta, dizia que o nome de
Maria é cheio de divina doçura, e o glorioso S. Antônio de Pádua nele achava
tanta doçura como S. Bernardino no de Jesus. O nome da Virgem Mãe, repetia
ele, é alegria para o coração, mel para a boca, melodia para o ouvido de seus
devotos. Muito grande era a doçura que achava nesse nome o venerável
Juvenal, Bispo de Saluzzo. Lê-se em sua vida que se lhe notava nos traços do
rosto a sensível doçura, que lhe ficara nos lábios, sempre que pronunciava o
nome de Maria. Coisa idêntica sabe-se de uma senhora de Colônia, a qual contou
ao Bispo Marsílio sentir sempre um sabor mais doce que o mel toda vez que
pronunciava o nome da Virgem Santíssima. E, repetindo-o devotamente, o bispo
experimentou a mesma doçura. No momento da Assunção da Senhora três vezes
perguntaram-lhe os anjos pelo nome: Quem é esta que sobe pelo deserto, como uma
varinha de fumo composta de aromas de mirra e de incenso? (Ct 3, 6). Quem é esta
que vai caminhando como a aurora quando se levanta? (6, 9). Quem é esta que sobe
do deserto inundando delícias? (8, 5). E para que lhe indagam com tanta
insistência o nome? pergunta Ricardo de S. Lourenço. É para terem o prazer de
ouvi-lo mais vezes, tão suavemente lhes soava aos ouvidos.
Mas eu não falo aqui dessa doçura sensível, porque
esta não se concede comumente a todos. Falo dessa salutar doçura de conforto, de
amor, de alegria, de confiança e de fortaleza, que este nome de Maria
ordinariamente dá àqueles que o pronunciam com devoção. Na opinião de Franco,
abade, é esse nome tão rico de bênçãos que, depois do nome de Jesus, nem no
céu nem na terra outro se profere e do qual as almas devotas recebam tanta
graça, tanta esperança, nem tanta doçura. Porque, continua ele, o nome de Maria
contém em si uma virtude tão admirável, tão doce e tão divina, que deixa nos
corações amigos de Deus um odor de santa suavidade. Sempre nele encontram
novos encantos os servos de Maria, e essa é a coisa mais maravilhosa deste nome.
Embora o pronunciem e ouçam pronunciar mil vezes, sempre saboreiam a mesma
doçura. Assim conclui Franco.
Dessa doçura fala também o Beato Henrique Suso. Em
o pronunciando, sentia-se animado de grande confiança e todo possuído de
jubiloso amor. Mal o podia proferir por entre lágrimas de alegria. Desejava
então que o coração lhe viesse parar nos lábios por causa da suavidade desse
nome, que semelhante a um favo de mel se liqüefazia no fundo de sua
alma.
Abrasado em amor, assim falava ternamente S.
Bernardo à sua bondosa Mãe: Ó excelsa, ó bondosa e veneranda Virgem Maria!
Como é vosso nome tão cheio de doçura e de amabilidade! Ninguém o pode proferir,
sem que se veja abrasado de amor para com Deus e para convosco. Perpasse ele
pela mente dos que vos amam, e eis o quanto basta para consolá-los e incitá-los
a vos amarem cada vez mais. As riquezas consolam os pobres porque os
aliviam de suas misérias, diz Ricardo de S. Lourenço; porém, sem comparação,
mais nos consola vosso nome, ó Maria, e muito mais alivia das angústias desta
vida, do que todas as riquezas da terra.
Enfim, o vosso nome, ó Mãe de Deus, está cheio de
graças e de bênçãos divinas, como nos diz S. Metódio. E segundo S. Boaventura*,
ninguém o pode proferir devotamente sem dele tirar algum fruto. Por mais
endurecido e frouxo que esteja um coração, declara Raimundo Jordão, Abade de
Ceies, se chega a invocar-vos, ó benigníssima Virgem, milagrosamente desaparece
a sua dureza. Tão grande é a graça do vosso nome! Sois vós quem infunde a
esperança do perdão e da graça. Vosso nome, no dizer de S. Ambrósio, é um
bálsamo oloroso a exalar o perfume da divina graça. Desça ao íntimo de minha
alma — pede o Santo — esse perfumoso bálsamo! E quer dizer: Ó Senhora, fazei
com que nos recordemos frequentemente de vos invocar com amor e confiança; pois
invocar-vos assim, ou é sinal de possuir a graça de Deus, ou de recuperá- la
brevemente.
Sim, a lembrança de vosso nome, ó Maria,
consola os aflitos, reconduz os transviados para as sendas da salvação e livra
os pecadores do desespero, reflete Ludolfo de Saxônia. Na observação de
Pelbarto, como Jesus Cristo com suas chagas deu ao mundo o remédio de seus
males, também Maria com seu santíssimo nome, que é composto de cinco letras,
alcança todos os dias o perdão para os pecadores. Razão é essa de o santo
nome de Maria ser comparado ao óleo, nos Sagrados Cânticos (1,2). Assim o
explica Alano de Lille: O óleo cura os enfermos, exala perfume e alimenta a
chama. Também o nome de Maria cura os pecadores, perfuma o coração e inflama no
amor divino. Ricardo de S. Lourenço exorta os pecadores a recorrerem a esse
nome sublime, porque ele só basta para curá-los de todos os seus males e
livrá-los prontamente da mais insidiosa enfermidade.
Pelo contrário, os demônios, diz Tomás de
Kempis, tanto receiam a Rainha do céu que, como do fogo, fogem de quem invoca o
seu grande nome. A própria Virgem revelou o seguinte a S. Brígida: Por
endurecido que seja um pecador, imediatamente o abandona o demônio, se invoca
meu santo nome com o propósito de emendar-se. Isso mesmo lho confirmou
em outra revelação, dizendo: Todos os demônios têm um grande pavor e
respeito diante de meu nome. Assim que o ouvem invocar, largam de
pronto a alma presa em suas garras. — E se os anjos maus se afastam
dos pecadores que chamam pelo nome de Maria, os anjos bons tanto mais se chegam
às almas justas que o pronunciam com devoção.
É a respiração um sinal de vida. Também o invocar
com freqüência o nome de Maria é sinal da posse ou da breve aquisição da graça
divina, na opinião de S. Germano; pois esse poderoso nome tem a virtude de
alcançar auxílio e vida a quem o invoca devotamente. Ricardo de S. Lourenço
acrescenta: É ele como torre fortíssima que livra o pecador da morte eterna;
até os maiores pecadores acham nessa celeste fortaleza salvação e
defesa.
Essa fortíssima torre não só livra de castigos os
pecadores, mas defende os justos também contra os ardores do inferno. É o que
afirma Ricardo de S. Lourenço quando diz: Depois do nome de Jesus nenhum outro
há no qual resida socorro e salvação para os homens, como no excelso nome de
Maria. Especialíssima, como todos o sabem, é a sua força para vencer as
tentações contra a castidade. Isso experimentam os devotos da Virgem, todos os
dias. Semelhante pensamento deduz Ricardo das palavras de S. Lucas: E o nome
da Virgem era Maria (Lc 1, 27). Fá-lo para nos dar a entender que o nome da
puríssima Virgem é inseparável da castidade. Vem daí a frase de S. Pedro
Crisólogo: O nome de Maria é indício de castidade, querendo dizer: quem duvida
se pecou nas tentações impuras, tem um sinal certo de não ter ofendido a
castidade, quando se lembra de haver invocado a Maria.
Sigamos sempre, por conseguinte, o belo
conselho de S. Bernardo: Nos perigos, nos apuros, nas dúvidas, pensa em Maria,
invoca a Maria; nunca se aparte seu nome de teus lábios, de teu coração. Em
todos os perigos de perder a graça divina pensemos em Maria, invoquemos o seu
nome e o de Jesus, para que andem sempre unidos esses dois nomes. Nunca se
apartem nem do nosso coração, nem da nossa boca, esses dois dulcíssimos e
poderosíssimos nomes. Pois eles nos darão forças para não cairmos e para
vencermos sempre todas as tentações.
Graças inestimáveis prometeu Jesus Cristo aos
devotos do nome de Maria, conforme assevera S. Brígida. Disse ele a sua Mãe
Santíssima: Quem invocar o teu nome com propósito de emenda e confiança,
receberá três graças particulares: perfeita dor dos seus pecados e satisfação
por eles, força para progredir na perfeição e finalmente a glória do
paraíso. Ó minha Mãe, acrescentou o Senhor, nada vos posso negar de
quanto me pedis, porque vossas palavras são tão doces e agradáveis a meu
coração. Finalmente, põe remate a tudo S. Efrém, dizendo que o nome de Maria
é a chave da porta do céu, para quem o invoca com devoção. Com razão, portanto,
podia o suposto S. Boaventura chamar a Maria de salvação dos que a invocam, como
se invocar-lhe o nome fosse o mesmo que obter a salvação eterna. Na sentença de
Ricardo à devota invocação desse doce e santo nome prendem-se graças supe-
rabundantes nesta vida e sublime glória na outra.
Desejais, por conseguinte, ser consolados em
todos os trabalhos? conclui Tomás de Kempis. Recorrei a Maria; invocai a Maria,
a ela servi e recomendai-vos. Alegrai-vos com Maria, caminhai com Maria; com ela
procurai a Jesus, e finalmente com Jesus e Maria aspirai a viver e morrer. Assim
fazei e prosseguireis no caminho do Senhor. Pois Maria se comprazerá em rogar
por vós, e o Filho com certeza atenderá à sua Mãe.
(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de
Ligório)
Fonte: VAS HONORABILE
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