HISTÓRIA DE SANTA RITA–Parte I

Assim como com São João Batista, o nascimento de Santa Rita foi anunciado por um Anjo...
Todos os que escreveram a vida de Santa Rita relembram com prazer as belas virtudes de seus pais.
Quanto a nós, ao principiar esta narrativa, observaremos, com São Gregório o Grande, que não é raro ser bom quando se vive no meio dos justos, mas é muito mais meritório levar uma vida santa entre os celerados e pecadores.
Ora, Antônio Mancini de Rocca Porena e Amata Serri de Fogliano, os felizes pais de Santa Rita, foram admiráveis pela santidade de seus costumes. Por sua fervorosa piedade e inesgotável caridade, enquanto em terras da Itália se propagava a devassidão, as heresias, as prevaricações e violências.
De almas simples, e retirados numa pequena povoação montanhesa, em nada se importavam com as coisas do mundo, a não ser quando a fraqueza e a miséria lhes batiam à porta.
Então os bons esposos, embora sem possuir grandes bens de fortuna, achavam sempre um meio de enxugar as lágrimas e de saciar a fome dos infelizes.
Sua meditação favorita era a Paixão do Redentor, o Crucifixo: o único livro que sabiam ler e que tão bem sabiam imitar nas ocasiões oportunas, muito especialmente na paciência e na caridade. Antônio e Amata, casados provavelmente em 1339, podiam dizer-se um casal feliz, se a felicidade fosse deste mundo.

O que lhes faltava
O que desejavam e pediam a Deus era a descendência. Um lar sem criança é um lar sem vida.
O homem que, de tarde, volta fatigado do trabalho, almeja que lhe venham ao encontro numerosos pequenos que lhe façam esquecer a fadiga do longo dia, e a esposa, presa ao lar pelos cuidados domésticos, sente-se fatigada e aborrecida quando está sozinha e inveja as jovens mães que vão à missa no domingo segurando pela mão belas crianças alegres e palradoras.
Mas Amata, como a mãe de Samuel, o profeta, e a de João Batista, não tinha essa consolação e, embora resignada à vontade divina, sombreava-lhe o rosto um véu de tristeza ao ver o lar deserto.
Os bons esposos passaram assim  cinquenta e três anos na esperança cada vez mais tênue de um dom que só de Deus podia vir, quando um dia Amata, abismada em profunda e fervorosa oração, teve a visão de um anjo que lhe assegurou que sua prece subira ao trono do Altíssimo e que ela teria uma filha que seria grande diante de Deus.
À primeira perturbação que experimentou a piedosa mulher à vista do espírito celeste, sucedeu uma alegria cheia de reconhecimento.
Seus pálidos lábios se abriram ao sorriso, iluminou-se-lhe o semblante e ela esperou o dom de Deus com todo o respeito das almas santas.
Não é inútil lembrar que os fatos aqui referidos são confirmados por historiadores diligentes e conscienciosos, e examinados com a mais escrupulosa exatidão pela autoridade suprema da Igreja e por esta sancionados.
Além de tudo, como é possível contar a vida dos santos sem cair, a todo momento, no sobrenatural? Neles, tudo foge à vida comum. E Deus mesmo que trabalha em suas criaturas e sabemos que a Deus nada é impossível.
O anjo que aparecera a Amata para lhe dar a feliz nova, mais uma vez lhe apareceu para lhe dizer que a criança devia chamar-se Rita.
Esta circunstancia aproxima nossa santa do grande São João Batista, obtido também após longas orações, anunciado pelo Anjo e chamado João por vontade divina.
E Rita foi sempre devota de São João Batista que lhe dedicou especial proteção, do que mais tarde teremos a prova.

Fonte: retirado do livro “Santa Rita de Cássia” de Mons. Luís de Marchi.

Comentários

Postagens mais visitadas