A MELHOR A MIZADE É AQUELA QUE É SANTA…

Descubra o que é uma Santa Amizade:

São Paulo e São Timóteo são somente um exemplo do que é de fato uma Santa Amizade, a única de devemos buscar;

Não consiste a perfeição em ter nenhuma amizade, mas só as boas e santas.

Outro meio que nos pode ajudar e estimular à prática da virtude são as boas amizades.

São belas e admiráveis as páginas que São Francisco de Sales escreveu sobre a amizade no seu livro de ouro, Introdução à vida devota; delas vamos resumir o que conceituamos mais importante e proveitoso nesta matéria.

Num conjunto de pessoas de bom espírito não convém, geralmente, despertar nem cultivar amizades particulares exclusivistas, apesar de parecerem boas, seja porque isto pode produzir afeições desordenadas, seja porque pode ser ocasião de parcialidades contrárias ao trato harmonioso que deve reinar entre todos os membros da sociedade.

Isto porque, desejando todos e cada um, a um mesmo fim e tendo todos os mesmos ensinamentos, não há motivos para singularizarem-se na amizade. O melhor é manter com todos relações cordiais e fraternas.

Porém, vivendo no mundo, onde não existe este bom espírito, nem essa uniformidade de fim e de sentimentos entre todos os homens, é necessário que os bons se unam numa santa amizade, para ajudarem-se mutuamente no prosseguimento do bem e resistirem aos danos que ocasionam à Igreja e às almas a amizade e a conspiração dos maus;

E é natural que esta amizade dos bons seja mais íntima, e mais singular, quanto maior for entre eles a conformidade de espírito, de ideias, de sentimentos e aspirações.

Por isso, todos os santos de todos os tempos travaram amizade muito particular com outras pessoas santas, que viam adornadas de virtudes extraordinárias, ou que entendiam os podiam ajudar, para melhor se aproximarem de Deus e progredirem no caminho da santificação, ou para realizarem nas atividades conducentes à maior glória divina.

E assim, o Salvador honrou em especial amizade os seus apóstolos, e os três irmãos, Lázaro, Marta e Maria; São Paulo amou de forma especial o seu discípulo Timóteo e Santa Tecla;

São Jerônimo distinguiu com particular afeto a sua nobre filha espiritual Santa Paula; São Gregório Magno e São Leandro, desde que se conheceram em Constantinopla, trataram-se sempre como amigos queridos;

São Gregório Nazianzeno e São Basílio, estudando juntos em Atenas contraíram tão íntima e santa amizade que, como o mesmo São Basílio declara, parecia que entre os dois existia uma só alma e um só querer: o de se fazerem cada dia mais virtuosos.

E quem ignora a amizade incomparável, estreitíssima e santa, mais angélica que humana, que existiu entre São Francisco de Sales e sua filha espiritual predileta Santa Joana Maria de Chantal?

Na verdade, um dos maiores bens e prazeres mais puros…

Que se pode desfrutar na terra é o de uma amizade santa, verdadeiramente espiritual, pelo qual duas ou mais pessoas desejosas de progredirem na prática da virtude e de trabalharem para a glória de Deus se unem e comunicam seus piedosos afetos, os seus santos desejos e unânimes aspirações, e mutuamente se estimulam e se ajudam no caminho da perfeição.

Falando desta amizade, diz São Francisco de Sales:

“Oh! Meu Deus, que amizade tão preciosa! É excelente porque vem de Deus; excelente porque o seu vínculo é Deus; excelente porque durará para sempre em Deus. 

Todas as outras amizades parecem-me sombras, comparadas com a amizade espiritual, cujo vínculo é a santa devoção: sobre uma tal amizade, pode dizer-se que Deus derrama a sua bênção e a comunicação da sua vida pelos séculos dos séculos”.

O que encontrou uma amizade semelhante pode dizer-se que encontrou uma forte proteção e um rico tesouro, segundo a frase da Sagrada Escritura.

Fora das amizades que a natureza necessariamente nos impõe ou as circunstâncias que nos rodeiam, como a amizade dos nossos parentes, ou benfeitores, não convém criar pela própria vontade outra amizade se não esta de que vimos falando;

Pois se bem que devamos amar a todos com amor de caridade, só devemos contrair amizade com aquelas pessoas que podem nos servir na aquisição e progresso na virtude para conseguirmos o nosso fim último. Ou seja, a salvação eterna.

Porém, advirto-te, querido leitor, de que ainda tratando-se de uma amizade boa e espiritual, é necessário proceder com grande descrição e cautela, quando se contrai essa amizade entre pessoas do sexo diferente, pois o inimigo de nossas almas e a própria perversão ingênita da nossa natureza, que propende daquilo que mais satisfaz os sentidos;

Pode torcer e malsinar essa amizade, fazendo com que o que começou por motivo espiritual e com intenção reta e santa, acabe em afeto sensual, e ainda em atos pecaminosos.

Convém ter sempre presente aquelas palavras de Santo Agostinho: O amor espiritual engendra o amor afetuoso; o afetuoso engendra o obsequioso; o obsequioso, o familiar; o familiar, o carnal.

À vista desse perigo, deve-se abafar no princípio qualquer gérmen ou elemento impuro, que comece a aparecer na amizade, e evitar cuidadosamente tudo quanto possa ser motivo ou ocasião próxima de que despertem no coração afeições desordenadas, que venham a ser a ruína da amizade santa e verdadeira.

Nada, pois, de palavras meladas, de expressões ternas e lisonjeiras; nada de olhares artificiosos ou demasiado significativos: nada de carícias sensíveis, de suspiros afetuosos, de queixas ciumentas; nada de visitas inúteis ou desnecessárias;

Nada, enfim, que cheire, nem de longe, a sensualidade, ou que possa contribuir para suscitar; pois a amizade santa não procura nada disso, senão pelo contrário, é natural, simples e moderada em todas as suas manifestações; é casta e em tudo respira honestidade e pureza; não atende à formosura do corpo, nem às graças ou dotes externos da pessoa, mas só olha a virtude e a graça sobrenatural em que se apoia;

É enfim “uma mais perfeita e mais pura imagem viva da amizade bem-aventurada que se professa no céu”. Tal foi a amizade que contraíram os santos, e tal deve ser a amizade que venhamos a contrair.

Fonte: retirado do livro “A perfeição cristã segundo o espírito de São Francisco de Sales” de Emílio Gonzalez y Gonzales.

Fonte: Associação Apostolado do Sagrado

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