IMACULADA CONCEIÇÃO: Santa Bernadette instrumento de Cristo para restaurar o mundo (S.S. Pio XII)




Simplicidade, candura, modéstia, inocência: são estas as qualidades que, com mais frequência, encontramos na pena e nos lábios de quase todas as pessoas que tiveram contato com a Santa, mesmo opositores.
E é preciso notar que são testemunhas independentes entre si, em épocas diversas, que quase nunca se conheceram.
Assim reza o Mandamento episcopal (18.1.1862) de Monsenhor Bertrand-Sévere Laurence, Bispo de Tarbes, a diocese onde se situa o local das aparições:
“Quem não admira no contato com ela (a vidente) a simplicidade, a candura, a modéstia dessa criança?
“Enquanto todo mundo comenta as maravilhas que lhe foram reveladas, somente ela guarda silêncio. Não fala senão quando interrogada; então conta tudo sem afetação, com uma ingenuidade tocante; e, às numerosas questões que lhe são apresentadas, dá sem hesitação respostas claras, precisas, cheias de propósito e carregadas de forte convicção.
“Submetida a rudes provações jamais se deixou abalar pelas ameaças; às ofertas mais generosas, respondeu sempre com um nobre desinteresse. Sempre fiel a si mesma, durante os diversos interrogatórios a que foi submetida, manteve constantemente o que já dissera, sem nada acrescentar e nada subtrair.
“A sinceridade de Bernadette é portanto incontestável. Acrescentamos que ela é incontestada.
“Seus contraditores, quando os teve, renderam-lhe eles próprios esta homenagem” (Sainte Bernadette - La confidente de L’lmmaculée - Mère Marie-Therese Bordenave, Saint-Gildard, Nevers, 1982, p. 192-194).

O jesuíta Pe. Leonardo Cros é sem dúvida a pessoa a quem mais deve a História de Lourdes.
Ele recolheu o depoimento de mais de 200 testemunhas das aparições, desencavou documentos que se julgavam perdidos, saiu encarniçadamente a campo para conseguir a documentação que as autoridades queriam ocultar.
Ele esteve duas vezes com a vidente. Do primeiro encontro, relata a um amigo:
“Tudo respira inocência nesta moça de 20 anos. Vi uma foto sua, mas não mostra o que ela é. Se lhe cair uma nas mãos, não pense que viu Bernadette...
“Ela não parece suspeitar o extraordinário de sua posição” (Lourdes - Documents authentiques, Abbé Réné Laurentin, Lethielleux, Paris, 7 volumes, 1956/1965, vol. 7, p. 351).

E noutra ocasião, assim se exprime:
“Ela tem um porte de uma simplicidade santa. É impossível encontrar ou mesmo surpreender nela, em qualquer coisa que seja, a menor nesga de querer ocupar-se consigo mesma, de voltar-se sobre si...
“Creio que é impossível reter na memória a impressão plena de uma aparição sobrenatural: pois bem, eu não consegui reter na memória a fisionomia de Bernadette...” (Lourdes - Documents authentiques, Abbé Réné Laurentin, Lethielleux, Paris, 7 volumes, 1956/1965, vol. 7, p. 467 a 470).
S.S. Pio XII: Bernadette foi instrumento de Cristo para restaurar o mundo
Na Encíclica sobre o centenário das aparições, de 2 de julho de 1957, o Santo Padre Pio XII afirma:
“A Santíssima Virgem vem até Bernadette, faz dela sua confidente, a colaboradora e o instrumento de sua maternal ternura e da misericordiosa onipotência de Seu Filho, para restaurar o mundo em Cristo, por uma nova e incomparável efusão da Redenção” (Les écrits de Sainte Bernadette - présentés par André Ravier, SJ, Lethielleux, Paris, 1980, 2ª edição, p. 52).

O cumprimento de sua missão foi perfeito em consequência do conhecimento que tinha de si mesma: tudo lhe fora concedido por mero dom da graça divina, de modo extraordinário e superabundante.
Daí um sentimento de gratidão, que é uma nota tônica de sua vida e chegou mesmo a ser um dos seus tormentos até a hora da morte: ela queria “agradecer até o fim”.
E sentia grande medo de não ter correspondido.
O resto, para ela, não importava...


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