SANTA BERNADETE E O MÉRITO DO ABANDONO

Santa Bernadete Soubirous que recebeu as revelações de Lourdes era de uma família honrada, mas das mais modestas da pequena cidade de Lourdes.
Lourdes tem um bonito nome mas era ignorada de quase todo o mundo até na própria França, onde ela não era senão uma aldeota aos pés de um velho castelo.
Talvez por desígnio de Deus, nas muralhas daquele castelo se deu um dos primeiros confrontos com os mouros que tinham invadindo a França.
No fim, os mouros acabaram se convertendo e adotando Nossa Senhora da Penha como sua Senhora.
Pela impressão que deixam as fotografias que Santa Bernadete tirou antes de ser freira, ela era uma mocinha camponesa típica, com a expressão do olhar muito viva, com muita firmeza de ideias e de princípios na sua atitude.
Ela era uma pessoa quase iletrada e que não era capaz, portanto, de articular correntemente um princípio e o apresentar a quem quer que seja.
Porém, ela tinha, por obra do Espírito Santo, o que têm tantas outras almas de condição modesta que não tiveram os meios para estudar.
Ela tinha um verdadeiro conhecimento de certos princípios e uma heroica atitude de amor ofensivo e defensivo em relação a esses princípios.
Muito cedo aflorou nela a vocação religiosa.
Essa vocação a conduziu a uma congregação religiosa que têm seu noviciado na cidade de Nevers, capital da zona chamada antigamente Nivernais.
Ela entrou nessa congregação onde, com intencionalidade das superioras, o trato dado a ela foi o seguinte:
Entenderam muito bem que se se conhecesse lá que Santa Bernadete era a moça das aparições, ela seria o objeto da veneração e do entusiasmo de todas as pessoas no convento.
E ela ao invés de ter dentro do convento a vida sacrificada e dura que deve ser própria a quem segue a vocação religiosa, ela teria uma vida de bonequinha.
Ela seria a bonequinha das outras freiras.
Então resolveram impedir todo acesso a ela.
Ao mesmo tempo aquela louçania e vigor que ela tinha antes de entrar para o convento foi perdendo no seu ímpeto em vista de numerosas doenças que sucessivamente a afligiram.
Ela, portanto, em vez de desabrochar foi mirrando, murchando, e no convento a tinham em conta de nada e de ninguém.
Ela quase não tinha contato com a família, é se tem a impressão que ela foi se sentido terrivelmente abandonada.
Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que no convento onde ela estava, se não fosse por vontade de Deus, ela não ficaria um minuto. Porém, ali ela morreu, após passar toda a vida lá.
Assim também são os abandonos em que um religioso ou uma religiosa pode ficar.
Porque muitas vezes Deus pede às almas que Ele mais ama aceitar a sensação de abandono e oferecer o sofrimento que produz a sensação de abandono para os mais altos desígnios que Ele tem em vista.
Só na hora do Juízo a alma fica sabendo o valor desse oferecimento.
Como Santa Bernadette e Santa Teresinha, acabaram conhecendo e agora usufruem do gáudio eterno da vida bem-aventurada no Céu.

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