O QUE OS SANTOS DOUTORES ENSINAM SOBRE AS TENTAÇÕES?

São Leão Magno, papa e doutor da Igreja (400-460) nos explica bem como são as tentações e seus vários tipos:

“O antigo inimigo, disfarçando-se em anjo de luz (2 Cor 11,14) não cessa de armar por toda parte as ciladas da mentira e de procurar de todo modo corromper a fé dos crentes. Sabe a quem incutir o ardor da cobiça, a quem oferecer os atrativos da gula, a quem inflamar com a luxúria, em quem infiltrar o veneno da inveja. Sabe a quem perturbar com a tristeza, a quem iludir com a alegria, a quem oprimir com o temor, a quem seduzir pela vaidade. Observa os costumes de todos, investiga as preocupações, perscruta os sentimentos; e procura meios de fazer mal onde vê alguém ocupar-se em algo com interesse. Entre os que acorrentou a si, dispõe de muitos peritos em suas artes, e serve-se de sua habilidade e sua língua para enganar os outros”.

Santo Agostinho mergulhou fundo no mistério das tentações. Ele ensina:

“Nossa vida é uma peregrinação. E, como tal, está cheia de tentações. Porém, nossa maturidade se forja nas tentações. Ninguém conhece a si mesmo se não é tentado; nem pode ser coroado, se não vence; nem vencer, se não luta; nem lutar, se lhe faltam inimigos”.

“Toda tentação é uma forma de inquisição. Por meio dela o homem se conhece a si mesmo”.

“O demônio não influência nem seduz ninguém se não encontra terreno propício. Quando o homem ambiciona uma coisa; sua concupiscência legítima as sugestões do demônio. Quando um homem teme algo, o medo abre uma brecha em sua alma pela qual se infiltram suas insinuações. Por essas duas portas, a concupiscência e o medo, o demônio se apodera do homem”.

“Fecha a porta para que não entre o tentador. Ele não deixa de chamar, mas se vê que a porta está fechada vai em frente. Só entra quando te esqueces de fechá-la ou não a fechas com segurança”.

“Adão caiu, porque não se recomendou a Deus na hora da tentação”.

“Se rejeitas a tentação, rejeitas também o crescimento. Coloca-te, pois, nas mãos do Artífice, sem restrições. Ele te corrige, te lustra, te limpa. Para isso serve-se de vários instrumentos: são os escândalos e tentações do mundo. Não fujas das mãos do Artífice e não temas: Deus permite as tentações, não para te arruinar, mas para fazer-te mais forte”.

“O mundo combate contra os soldados de Cristo com duas armas e táticas diferentes. Uma arma é a sedução; sua tática, criar angústia. A outra é o medo; sua tática, semear desânimo”.

“Imita a formiga. Sê formiga de Deus. Escuta a Palavra de Deus e guarda-a em teu coração. Abastece tua dispensa interior durante os dias felizes do verão e assim poderás encarar os dias difíceis da tentação durante os invernos de tua alma”.

“Procurai preencher com deleites espirituais o vazio dos desejos da carne: leituras, orações, salmos, bons pensamentos, prática freqüente de boas obras, esperança no mundo futuro e um coração inflamado no amor de Deus”.

Santo Afonso ensinou:

“Não devemos recear de estar sem a graça de Deus pelo fato de sermos tentados; pelo contrário, então devemos esperar ser mais amados por Deus. Não são os maus pensamentos que fazem perder a Deus, mas sim os maus consentimentos. O meio mais necessário e mais seguro para vencer as tentações é recorrer logo a Deus com humildade e confiança (Sl 69,2). A experiência mostra de sobra que quem recorre a Deus nas tentações, não cai; quem não recorre, cai; especialmente nas tentações impuras (Sb 8,21).

“Se a tentação é tão forte que nos vemos em grande perigo de consentir, é preciso redobrar o fervor na oração, recorrer ao Santíssimo Sacramento, ajoelhar-se diante de um crucifixo ou de Nossa Senhora e rezar com ardor, gemer e chorar pedindo ajuda”.

“Ninguém pode resistir às tentações impuras da carne, se não se recomenda a Deus no momento da tentação. A castidade é uma virtude que não podemos praticar, se Deus no-la não concede. Deus, porém, só a concede aos que a pedem”.

São Francisco de Sales aconselhava:

“Não vos aflijais com as tentações de blasfêmias. Deixai que o demônio as maquine à vontade, mas conservai bem fechadas as portas da alma, pois que lhe virá o cansaço ou será ele afinal, obrigado por Deus a levantar o cerco”.

São Bernardo disse que:

“Quantas vezes vencemos as tentações, tantas vezes somos coroados”.

Por: Prof. Felipe Aquino

Fonte: Editora Cléofas

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