“ A ORAÇÃO É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA PARA A SALVAÇÃO”

Santo Afonso de Ligório

Nas Sagradas Escrituras, são muito claros os textos que nos mostram a necessidade de rezar, se quisermos alcançar a salvação.

“É preciso rezar sempre e nunca descuidar” (Lc 18,1). “Vigiai e orai para não cairdes em tentação” (Mt 25.41). “Pedi e ser-vos-á dado” (MT 7,7).

Segundo a doutrina comum dos teólogos, as referidas palavras: “É preciso rezar, orar e pedir”, significam e impõem um preceito e uma obrigação, um mandamento formal.

Vicleff afirmava que todos esses textos não se referiam à oração, mas tão somente às boas obras, assim, rezar no seu modo de ver, nada mais é do que agir corretamente e praticar o bem.

A Igreja, entretanto, condenou expressamente esse erro. Por isso ensinava o douto Léssio que, sem pecar contra a Fé, não se pode negar a necessidade da Oração aos adultos, mormente quando se trata de conseguir a salvação. Pois, como consta nos livros santos, a oração, é o único meio para conseguirmos os auxílios necessários à salvação.

A razão desta necessidade é bastante clara

Sem o socorro da graça, nada de bom podemos fazer: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Nota Santo Agostinho sobre essas palavras que Jesus Cristo não disse: “nada podeis cumprir”, mas “nada podeis fazer”.

Com isso, quis Nosso Senhor dar-nos a entender que sem a graça nem mesmo podemos começar a fazer o bem: “ Não somos capazes de por nós mesmos ter algum pensamento (sobrenaturalmente bom), mas toda essa força vem de Deus” (2Cor 3,5).

Se nem sequer podemos pensar no bem, como podemos, então, desejá-lo? O mesmo nos demonstram muitos outros textos das Sagradas Escrituras: “Deus é quem opera tudo em todos” (1Cor 12,6). “Farei que vós andeis nos meus preceitos e que guardeis as minhas ordens e as pratiqueis” (Ez 36,27).

Por isso, como diz São Leão Papa: “Nenhum bem faz o homem sem que Deus não lhe dê a Sua graça para isso”.

E o Concílio de Trento diz: “Se alguém disser que, sem a prévia inspiração, do Espírito Santo e sem o Seu socorro, o homem pode crer, esperar, amar ou fazer penitência como deve, com o fim de obter a graça da justificação, seja anátema.”.

Modo de agir de Deus com os animais

O Autor da “Obra Imperfeita” diz, referindo-se aos brutos, que o Senhor a um concedeu a rapidez, a outros deu unhas, a outros cobriu de penas, para que, desse modo, pudessem conservar
sua vida.

O homem, porém, foi formado em tal estado que só Deus é toda a sua força.

Deste modo o homem é inteiramente incapaz de, por si, efetuar a sua salvação, visto que Deus quis que tudo que tem ou pode ter receba por meio de Sua graça.

As primeiras graças

Mas este auxílio da graça normalmente concede só a quem ora, conforme a célebre sentença de Genádio: “Cremos não chegar ninguém a salvação sem que Deus o conceda.

Ninguém, depois de convidado, obtém a salvação, sem que Deus o ajude. Só quem reza merece o auxílio de Deus“.

Se é certo que, sem o socorro da graça, nada podemos, e se esse socorro, é concedido por Deus unicamente aos que rezam, segue-se que a oração nos é absolutamente necessária para
a salvação.

Verdade é que há certas graças primeiras que são a base e o começo de todas as outras graças e que são concedidas sem a nossa cooperação, como, por exemplo, a vocação à fé, à penitência. No dizer de Santo Agostinho, Deus concede mesmo a quem não as pede.

Entretanto, quanto às outras graças, especialmente em relação à graça da perseverança, tem por certo o Santo Doutor que não são concedidas senão aos que pedem:

“Deus dá algumas graças, como o começo da fé, mesmo aos que não pedem; outras como a perseverança, reservou para os que pedem”.

Fonte: “A Oração” – Santo Afonso de Ligório

Fonte: Associação Apostolado do Sagrado Coração de Jesus

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