O TEMPO DO ADVENTO - PARTE 3



Colocamos a seu alcance algumas iniciativas que podem ajudar a preparar o tempo de Advento.

1. Retiro sobre o tempo de Advento
Poder-se-ia, preferentemente ao início do tempo litúrgico, realizar um retiro para todos os membros do centro, associação, etc. com o fim de obter uma melhor preparação com vistas ao Natal. Os temas são dados pelos acentos, personagens e meios que a Igreja oferece para o Advento.

2. Liturgia semanal sobre o tema da semana
Durante o transcurso da semana pode convidar os agrupamentos e outras associações a que celebrem em sua reunião semanal uma liturgia que contribua para aprofundar no tema e acento que a liturgia da Igreja propõe para cada semana.

3. Campanha de oração
Pode-se realizar ao longo de todo o tempo de advento uma campanha de oração com o fim de intensificar a vida de oração necessária para uma adequada preparação para a celebração do Natal. Pode ser feita convidando à participação pessoal e comunitária (por Agrupamentos Marianos, por associações em seu conjunto, etc.). Podem-se fazer murais com desenhos (quadriculados para serem coloridos) alusivos ao Natal. Também é possível ir preparando o presépio com as orações: maços de palha ou erva, madeiras, etc. podem simbolizar determinados exercícios de oração. Assim mesmo, seria bom organizar a oração comunitária e diária da liturgia das horas (laudes, vésperas e completas) contando com os símbolos próprios deste tempo litúrgico.

4. Celebração natalina para centros apostólicos
Os dias mais próximos ao Natal são propícios para realizar nos centros apostólicos alguma celebração natalina. Esta instância é importante para celebrar comunitariamente nossa fé, para fortalecer os laços de comunhão entre os membros do centro apostólico ou associação e para estreitar vínculos com amigos e familiares procurando converter esta celebração em uma ocasião de evangelização. Esta celebração natalina pode ter várias atividades.
Por exemplo:
- Oração inicial
- Peça de teatro, de bonecos, etc. alusiva ao Natal
- Talentos: poesia, cantos, contos, etc.
- Liturgia
- Grupo de Musica Natalina
- Chocolate Quente

É muito recomendável a participação de pessoas representativas das associações, projetos, etc. Esta celebração deve fazer participar não só a alguns quantos já que é uma instância de encontro e participação de todos os membros do centro apostólico ou associação. Devemos pôr muito boa atenção à dimensão apostólica desta jornada.
5. Concursos Pode-se promover o espírito de preparação para o Natal convocando a concursos de distintos talentos: composição de canções, de canções de natal, de contos, de poesias, de murais, símbolos e desenhos litúrgicos, etc. A celebração natalina poderia ser uma boa ocasião para apresentar alguns destes talentos.
6. Coleta e visita a irmãos necessitados O tempo de Advento é muito apropriado para acentuar a vivência da caridade e solidariedade com nossos irmãos mais necessitados. Por isso é recomendável organizar uma coleta de mantimentos, roupa e brinquedos com o fim de doá-los no marco de uma visita a algum hospital ou a uma favela. Ao término das missas de cada domingo de advento se podem repartir caixas de papelão para que cada família ou pessoa colabore com uma família pobre neste Natal. As pessoas são convidadas a se inscrever especificando se quer doar uma caixa de mantimentos para uma família de 4, 6 ou 8 membros. Em cada caso deve dar-se ao doador uma lista de mantimentos e suas quantidades segundo o caso. A visita deve envolver a maior quantidade de gente possível já que pode ser uma magnífica ocasião apostólica. Deve cuidar-se que esta visita não seja, portanto, um mero repartir presentes, mas sim deve transmitir o essencial de nossa vida de fé.
7. Ambientação de centros apostólicos É importante que os ambientes físicos do centro apostólico estejam devidamente decorados com motivos de Advento e de Natal. Devemos gerar um ambiente que favoreça nossa preparação e espera, nossa vida de silêncio e oração, de encontro fraterno. Para obter uma maior envolvimento das pessoas poderia ser organizado um concurso de arrumação e decoração por associações e ao interior delas. Também se pode organizar este concurso motivando a participação de famílias. (É importante acentuar a dimensão comunitária desta atividade). Os murais com artigos e desenhos, pôsteres com frases alusivas ao tempo litúrgico (por exemplo: “Vêem, Senhor Jesus”, “Venha a nós seu Reino”, etc.) e/ou com desenhos ou símbolos litúrgicos, a coroa de advento, o presépio, a árvore de Natal, etc. são alguns elementos que podem favorecer este objetivo. Há a disposição de quem o requeira algumas liturgias de bênção de símbolos próprios do tempo (coroa, árvore e presépio) que poderiam servir em oferta de encontro e oração entre os membros do centro e associações. Assim mesmo recomendamos o uso de música natalina em momentos oportunos já que isto também pode ser um bom meio que contribua na vivência do Advento.
8. Vídeo Fórum A apresentação de alguma filme que em seguida possa ser comentado pelos participantes pode favorecer a preparação do Natal. Alguns filmes de temas apropriados são: Contos de Natal (distintas versões) O quarto mago
9. Donativo de Advento Nas celebrações eucarísticas dominicais do MVC durante o tempo de advento se realizará a entrega semanal de um donativo para a manutenção das obras apostólicas do Movimento. Desde cada associação e/ou centro apostólico emevecista se deve promover e apoiar esta iniciativa.
10. Celebrações eucarísticas - Nossas celebrações litúrgicas eucarísticas podem ser enriquecidas através de distintos meios: – Bênção da coroa de Advento (ver Ritual de Bênçãos) – O ascender progressivo, semana após semana, das velas da coroa de Advento – Bênção do nascimento da capela (ver Ritual de Bênçãos) – Rito de inauguração do ano litúrgico com procissão do leccionário dominical – Utilização do rito de aspersão de água bendita, pelo menos os domingos, e sobre tudo da segunda parte do Advento (na linha de uma expectativa gozosa pelo Dom de Deus) – Austeridade na decoração da capela: flores, adornos, etc. – Austeridade no uso de instrumentos musicais para alguns cantos da celebração – Uso de desenhos de símbolos litúrgicos – Colocação em um lugar visível da capela de uma cesta para os mantimentos, etc. que a comunidade irá doando no transcurso do tempo de Advento Personagens do Advento - Isaías: figura de espera pela Salvação - João Batista: figura de preparação - Maria: Virgem da esperança e Mãe do Salvador

1A FIGURA DA ESPERA: ISAÍAS A escolha das leituras do Advento tem nos colocado em frequente contato com Isaías. Convém refletir um pouco sobre sua personalidade. Os textos evangélicos não dizem nada da personalidade do profeta Isaías, mas o citam. Podemos até mesmo dizer que, frequentemente, pode-se adivinhá-lo presente no pensamento e até nas palavras de Cristo. É o profeta por excelência do tempo da espera; está espantosamente perto, é entre os nossos, de hoje. Está presente por seu desejo de libertação, desejo do absoluto de Deus; o é na lógica bravura de toda sua vida que é luta e combate; o é até em sua arte literária, na qual nosso século volta a encontrar seu gosto pela imagem desnuda mas forte até a crueza. É um desses violentos aos quais o Reino é prometido por Cristo. Tudo deve ceder perante este visionário, emocionado pelo esplendor futuro do Reino de Deus inaugurado com a vinda de um Príncipe de paz e justiça. Encontramos em Isaías esse poder tranquilo e inquebrantável do que está possuído pelo Espírito que anuncia, sem outra alternativa e como que pesando as coisas que diz o Senhor. O profeta não é conhecido por outra coisa além de suas obras, mas estas são tão características que através delas podemos adivinhar e amar sua pessoa. Surpreendente proximidade desta grande figura do século VIII antes de Cristo, que sentimos no meio de nós, cotidianamente, dominando-nos desde sua altura espiritual. Isaías viveu em uma época de esplendor e prosperidade. Rara vez os reinos de Judá e Samaria haviam conhecido tal otimismo e sua posição política lhes permite sonhos ambiciosos. Sua religiosidade atribui a Deus a fortuna política e a religião espera dele novos sucessos. Em meio deste frágil paraíso, Isaías vai erguer-se valorosamente e cumprir sua missão: mostrar a seu povo a ruína que o espera por sua negligência. Pertencente sem dúvida à aristocracia de Jerusalém, alimentado pela literatura de seus predecessores, principalmente Amós e Oséias, Isaías prevê como eles, inspirado por seu Deus, o que será a história de seu país. Superando a situação presente na qual se misturam covardias e compromissos, vê o castigo futuro que direcionará os caminhos tortuosos. Lodts escreve dos profetas: “Achando até mesmo reclamar uma volta atrás, exigiam um salto adiante. Estes reacionários eram, ao mesmo tempo, revolucionários”. Assim as coisas, Isaías foi arrebatado pelo Senhor “no ano da morte do rei Ozias”, por volta do ano 740, quando estava no templo, com os lábios purificados por uma brasa trazida por um Serafim (Is 6, 113). A partir deste momento, Isaías já não se pertence. Não porque seja um simples instrumento passivo nas mãos de Yahvé; ao contrário, todo seu dinamismo vai ser colocado a serviço de seu Deus, convertendo-se em seu mensageiro. Mensageiro terrível que anuncia o despojo de Israel ao que só lhe restará um pequeno sopro de vida. O início da obra de Isaías, que originará a lenda do boi e do asno no presépio, marcam seu pensamento e seu papel. Yahvé é todo para Israel, mas Israel, mais estúpido que o boi que conhece seu dono, ignora seu Deus (Is 1, 2-3).

A Donzela dará à luz Mas Isaías não se isolará no papel de pregador moralizante. E assim se torna para sempre o grande anunciador da Parusia, da vinda de Yahvé. Assim com Amós tinha se levantado contra a sede de dominação que avivava a brilhante situação de Judá e Samaria no século VIII, Isaías prediz os cataclismas que se desencadearão no dia de Yahvé (Is 2, 1-17). Esse dia será para Israel o dia do juízo. Para Isaías, como mais tarde para São Paulo e São João, a vinda do Senhor traz consigo o triunfo da justiça. Por outro lado, os capítulos 7 al 11 vão nos descrever o Príncipe que governará na paz e na justiça (ls 7, 10-17). É fundamental familiarizar-se com o duplo sentido do texto. Aquele que não entrar na realidade ambivalente que este comunica, será totalmente impossível compreender a Escritura, inclusive certas passagens do Evangelho, e viver plenamente a liturgia. Com efeito, no evangelho do primeiro domingo de Advento sobre o fim do mundo e a Parusia, os dois significados do Advento deixam constância desse fenômeno propriamente bíblico no qual uma dupla realidade se significa por um mesmo e único acontecimento. O reino de Judá vai passar pela devastação e a ruína. O nascimento de Emanuel, “Deus conosco”, reconfortará um reino dividido pelo cisma de dez tribos. O anúncio deste nascimento promete, pois, aos contemporâneos de Isaías e aos ouvinte de seu oráculo, a sobrevivência do reino, apesar do cisma e da devastação. Príncipe e profeta, esse menino salvará por si mesmo seu país.

A Idade de Ouro
Mas, por outro lado, a apresentação literária do oráculo e o modo como Isaías insiste no caráter libertador deste menino, cujo nascimento e juventude são dramáticos, fazem pressentir que o profeta vê neste menino a salvação do mundo. Isaías destaca em suas profecias ulteriores os traços característicos do Messias. Aqui se contenta em indicá-los e reserva para mais tarde tratá-los um a um e modelá-los. O profeta descreve deste modo a este rei justo: (Is. 11, 1-9). Ezequias vai subir ao trono e este poema é escrito para ele. Mas, como um homem frágil pode reunir em si tão eminentes qualidades? Não vislumbra Isaías o Messias através de Ezequias? A Igreja o entende assim e lê esta passagem, sobre a chegada do justo, no segundo domingo de Advento. No capítulo segundo de sua obra, vimos Isaías anunciando uma Parusia que ao mesmo tempo será um juízo. No capítulo 13, descreve a queda da Babilônia tomada por Ciro. E novamente, nos convida a superar este acontecimento histórico para ver a vinda de Yahvé em seu “dia”. A descrição dos cataclismas que se produzirão será tomada por Joel e voltaremos a encontrá-las no Apocalipse (Is 13, 9-ll). Esta vinda de Yahvé esmagará àquele que quis igualar-se a Deus. O Apocalipse de João recorrerá a imagens parecidas para descrever a derrota do diabo (cap. 14). Nos maitines do 4.° domingo de Advento, voltamos a encontrá-lo no momento em que descreve o advento de Yahvé: “A terra abrasada se tornará fresca, e o país árido em manancial de águas” (35, 7). É reconhecido o tema da maldição da criação no Gênesis. Mas Yahvé volta para reconstruir o mundo. Ao mesmo tempo, Isaías profetiza a ação curativa de Jesus que anuncia o Reino: “Os cegos vêem, os coxos andam”, sinal que João Batista toma deste poema de Isaías (35, 5-6). Poderíamos sintetizar toda a obra do profeta reduzindo-a a dois objetivos: . O primeiro, chegar à situação presente, histórica, e remediá-la lutando. . O segundo, descrever um futuro messiânico mais distante, uma restauração do mundo. Assim vemos Isaías como um enviado de seu Deus a quem viu cara a cara. O profeta não cessa de falar dele em cada linha de sua obra. E, contudo, em suas descrições se distingue por mostrar como Yahvé é o Santo e, portanto, o impenetrável, o separado, Aquele que não se deixa conhecer. Ou, melhor, o conhecer por suas obras que, antes de mais nada, é a justiça. Para restabelecê-la, Yahvé intervém continuamente na marcha do mundo.

Primeira Parte:

Segunda Parte:

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