VIDA EM NAZARETH


Nazaré ! tal é o nome deste lugar terrestre único na História : o lugar onde Deus incarnou no seio de uma Virgem. Foi aí que A Virgem Maria viveu o quotidiano de todas as mães. A sua vida era humilde e oferecida a Deus através das ocupações de todos os dias : o cuidado da casa e do quintal, o apoio a José no seu trabalho, a educação de Jesus, a oração em família e na sinagoga, a vida social e de vizinhança. Como todas as mães do mundo...

Como todas as mães... , mas tendo por filho  Aquele que se tornará o Salvador do mundo! Assim se desenvolve em Nazaré, onde Maria e José vão rodear de cuidados o Verbo de Deus feito homem durante os trinta primeiros anos da sua vida terrestre (a sua vida "oculta"), toda uma espiritualidade da vida familiar : a espiritualidade de Nazaré, simples e imitável pelas nossas famílias humanas.

Numerosos vestígios arqueológicos da época de Cristo, descobertos na Galileia bem como no resto da Palestina ajudaram muito na representação do que foi concretamente a vida da Sagrada Família. Do mesmo modo vários historiadores da época de Cristo fazem referência à existência de "Jesus o Nazareno" na Palestina sob Tibério, o imperador romano dessa altura, testemunhando assim a realidade histórica do Evangelho.

Descubramos então adiante a vida quotidiana de Maria de Nazaré, os vestígios concretos da sua história e a espiritualidade de Nazaré...

Nazaré no ano 0 : Uma pequena aldeia com umas dezenas de casas...


Com uma população de cerca de 60 000 habitantes dos quais 30 a 35% cristãos, Nazaré é hoje a mais importante cidade árabe de Israel.
É nos textos dos Evangelhos que ela é mencionada pela primeira vez .


Testemunhos arqueológicos indicam que se tratava de uma aldeia agrícola com cerca duas centenas de habitantes, apenas. O que probavelmente explica porque é que não existem referências anteriores, e porque é que a aldeia não é citada entre as 45 cidades da Galileia enumeradas por Josefo Flávio, nem entre as 63 cidades da Galileia mencionadas no Talmude.

Mas não é pela aldeola ser de tamanho insignificante que Natanael de Caná lança ao apóstolo Filipe a frase que se tornou célebre:
"De Nazaré pode sair algo de bom ?" (João 1 : 46)...

Com efeito, por mais modesta que seja a povoação de Nazaré, trata-se de um sítio de moradias "principescas", ou pelo menos de "personalidades", pois nela duas coisas são dignas de nota:
  • a presença do "túmulo do Justo": o que prova que Nazaré não era penas uma aldeia de simples agricultores pois lá ninguém teria tido os meios necessários para oferecer a si mesmo um tal túmulo;
  • a presença da "casa de Maria": com efeito, a casa conservada no Loreto - e que foi perfeitamente certificada como vinda de Nazaré - é uma casa de pedra de óptima execução que os simples aldeões de uma povoação rural não podiam possuir...
A quem podia então pertencer esta habitação e este túmulo senão a pessoas de uma certa linhagem?

é preciso saber que em aramaico o termo "nazor" ou "nazir", quer dizer "príncipe" ou "coroa" ou "tonsura" e que os nazarenos ou eram pessoas de linhagem importante, ou eram consagrados a Deus (tonsurados e que apenas usavam uma "coroa" de cabelos).

Ora em Nazaré viviam os descendentes do ramo principesco do norte, da ilustre família do rei David... (entre os quais José e Maria).

Sabe-se também que esta linhagem davídica do Norte, que tinha reinado em Israel nos séculos passados, tinha sido posta em cheque na época dos Macabeus pois, desde então, não mais se escolheram os dirigentes da nação hebraica na família de David. E ao lugar para onde modestamente se retiraram os herdeiros desta principesca família desapossada foi dado o nome de ... Nazaré.

Torna-se então mais claro o reparo de Natanael acerca de Nazaré (João, 1, 46): ele não tem nada a ver com a insignificância da aldeia, mas sim com o malogro dos seus ilustres habitantes de uma linhagem davídica "decaída", que aí vivia, retirada das alamedas de um poder perdido...

Sendo assim... o que é que poderia sair de bom de Nazaré...?

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