DONS INFUSOS DO ESPÍRITO SANTO

Espírito Santo1 – O dom da Ciência

O dom da ciência faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus; vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como aceno ao Supremo Bem; leva o homem a compreender, de um lado, o vestígio de Deus que há em cada ser criado, e, de outro lado, a insuficiência de cada qual.

O dom da ciência ensina também a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações; estes “contra-valores”, no plano de Deus, têm o valor de escola que liberta e purifica o homem. Configuram o cristão a Jesus Cristo. Se não fosse o sofrimento, muitos e muitos homens não sairiam de sua estatura mesquinha,… nunca atingiram a plenitude do seu desenvolvimento espiritual.

2 – O dom do Entendimento ou Inteligência

O dom da inteligência nos ajuda a ler no íntimo das verdades reveladas por Deus, e ter a intuição do seu significado profundo. Pelo dom do entendimento, o cristão contempla com mais lucidez o mistério da SS. Trindade, o amor do Redentor para com os homens, o significado da S. Eucaristia na vida cristã…

A penetração dada pelo dom da inteligência (ou do entendimento) é diferente daquela que o teólogo obtém mediante o estudo; o dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus. Na ordem sobrenatural é o amor que abre os olhos do conhecimento. Os que mais amam a Deus, são os que mais profundamente o conhecem. O dom do entendimento manifesta também o horror do pecado e a grandeza da miséria humana.

3 – O dom da Sabedoria

A palavra sabedoria vem de saber, derivado do verbo latino sapere,  que significa “ter gosto de…”. O dom da sabedoria abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe diretamente sob a luz de Deus, mostrando a grandeza do plano do Criador. Ele oferece um conhecimento saboroso da verdade porque se deriva da experiência do próprio Deus feita pelo cristão. Os resultados do estudo meramente intelectual são frios e abstratos, ao passo que as vantagens da experiência são concretas e saborosas.

“O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos do Bem-amado”, dizia um grande místico.

4 – O dom do Conselho

Deus não deixa faltar às suas criaturas o que lhes é necessário. Ele providencia os meios para que cada criatura chegue retamente ao seu fim devido. O dom do conselho permite ao cristão tomar as decisões oportunas sem cansaço e insegurança. Por ele o  Espírito Santo, inspira a reta maneira de agir no momento oportuno e exatamente nos termos devidos. Assim o dom do conselho aparece como um regente de orquestra que coordena divinamente todas as faculdades do cristão e as incita a uma atividade harmoniosa e equilibrada. Diz a Escritura que há tempo exato para cada atividade; fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno.

5 – O dom da Piedade

O dom da piedade orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas.  São Paulo se refere a este dom quando escreve: “Recebestes o espírito de adoção filial, pelo qual dizemos  ‘Abbá ó Pai” (Rm 8,15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai. E, pelo fato de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo, inspirado pelo mesmo dom da piedade.

O dom da piedade não incita os cristãos apenas a cumprir seus deveres para com Deus de maneira filiar, mas leva-os também a experimentar interesse fraterno para com todos os seus semelhantes. É o que manifesta o Apóstolo ao escrever: “Quanto a mim, de bom grado me despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor” (2 Cor 12, 15).

6 – O dom da Fortaleza

A fidelidade à vocação cristã depara-se com obstáculos numerosos. Disse Jesus que “o Reino dos céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt 11,12).

O dom da fortaleza não consiste em realizar façanhas admiradas pelo público, mas implica paciência, perseverança, tenacidade, magnanimidade silenciosas… Pelo dom da fortaleza, o Espírito impele o cristão não apenas àquilo que as forças humanas podem alcançar, mas também àquilo que a força de Deus atinge. É essa força de Deus que pode transformar os obstáculos em meios; é ela que assegura tranquilidade e paz mesmo nas horas mais tormentosas. Foi ela que inspirou a S. Francisco de Assis palavras tão significativas quanto estas: “Irmão Leão, a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós”.

7 – O dom  do Temor de Deus

Há três tipos de temor: o temor covarde ou da covardia; o temor servil ou do castigo e o temor filial. Este consiste na tristeza que o cristão experimenta diante da perspectiva de poder se afastar de Deus; brota do amor a Deus. Não se concebe o amor sem este tipo de temor. Pelo dom do temor de Deus  é o Espírito que move o cristão a dizer Não à tentação e ao pecado por amor a Deus. Não é medo de Deus, é medo de perde-lo. O dom do temor de Deus se prende à virtude da humildade. Esta nos faz conhecer nossa miséria; impede a presunção e a vã glória, e assim nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. S. Luís de Gonzaga derramou copiosas lágrimas certa vez quando teve que confessar suas faltas… faltas que, na verdade, dificilmente poderiam ser tidas como pecados. Para o santo, essas pequeninas faltas eram sinais do perigo de poder um dia afastar-se de Deus. Ora, para quem ama, qualquer perigo deste tipo tem importância.

Fonte: Editora Cléofas

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