S.S. PIO XII–As Lições Espirituais das Aparições–1ª Parte
O Papa Pio XII no dia de sua coroação. |
12. Essas lições, eco fiel da mensagem evangélica, fazem ressaltar de maneira impressionante o contraste que opõe os juízos de Deus à vã sabedoria deste mundo.
Numa sociedade que não tem lá muita consciência dos males que a corroem, numa sociedade que vela as suas misérias e as suas injustiças sob aparências prósperas, brilhantes e descuidosas, a Virgem imaculada, por quem o pecado jamais roçara, manifesta-se à uma menina inocente.
Com compaixão maternal percorre com o olhar este mundo redimido pelo sangue de seu Filho, onde, infelizmente, o pecado faz cada dia tantas devastações, e por três vezes lança o seu apelo premente: “Penitência, penitência, penitência!”
Gestos expressivos são, mesmo, pedidos: “Ide beijar a terra em penitência pelos pecadores”. E ao gesto há que juntar a súplica: “Rogareis a Deus pelos pecadores”.
Tal como no tempo de João Batista, tal como no início do ministério de Jesus, a mesma injunção, forte e rigorosa, dita aos homens a trilha da volta a Deus: “Arrependei-vos” (Mt 3, 2; 4, 17). E quem ousaria dizer que esse apelo à conversão do coração perdeu, nos nossos dias, a sua atualidade?
Com compaixão maternal percorre com o olhar este mundo redimido pelo sangue de seu Filho, onde, infelizmente, o pecado faz cada dia tantas devastações, e por três vezes lança o seu apelo premente: “Penitência, penitência, penitência!”
Gestos expressivos são, mesmo, pedidos: “Ide beijar a terra em penitência pelos pecadores”. E ao gesto há que juntar a súplica: “Rogareis a Deus pelos pecadores”.
Tal como no tempo de João Batista, tal como no início do ministério de Jesus, a mesma injunção, forte e rigorosa, dita aos homens a trilha da volta a Deus: “Arrependei-vos” (Mt 3, 2; 4, 17). E quem ousaria dizer que esse apelo à conversão do coração perdeu, nos nossos dias, a sua atualidade?
13. Mas poderia a Mãe de Deus vir a seus filhos senão como mensageira de perdão e de esperança? Já a água lhe jorra aos pés: “Ó vós todos que tendes sede, vinde às águas e recebereis do Senhor a salvação”.(17)
Àquela fonte onde, dócil, Bernardete foi a primeira a ir beber e lavar-se, afluirão todas as misérias da alma e do corpo. “Lá fui, lavei-me e vi” (Jo 9,11), poderá responder, como o cego do evangelho, o peregrino agradecido.
Mas, tal como para as turbas que se comprimiam em volta de Jesus, a cura das chagas físicas ali fica sendo, ao mesmo tempo que um gesto de misericórdia, o sinal do poder que o Filho do Homem tem de perdoar os pecados (cf. Mc 2,10).
Junto a gruta bendita, a Virgem nos convida, em nome de seu divino Filho, à conversão do coração e à esperança do perdão. Escutá-la-emos?
Mas, tal como para as turbas que se comprimiam em volta de Jesus, a cura das chagas físicas ali fica sendo, ao mesmo tempo que um gesto de misericórdia, o sinal do poder que o Filho do Homem tem de perdoar os pecados (cf. Mc 2,10).
Junto a gruta bendita, a Virgem nos convida, em nome de seu divino Filho, à conversão do coração e à esperança do perdão. Escutá-la-emos?
Enveredar pela trilha que nossa Senhora nos traçou
14. Nessa humilde resposta do homem que se reconhece pecador reside a verdadeira grandeza deste ano jubilar.
Que benefícios não estaríamos no direito de esperar para a Igreja se cada peregrino de Lourdes - e mesmo todo cristão unido de coração às celebrações do centenário - realizasse primeiramente em si mesmo essa obra de santificação, “não em palavras e de língua, mas em atos e em verdade” (1 Jo 3, 18)?
Tudo, aliás, a isso ali o convida, pois em parte alguma, talvez, tanto quanto em Lourdes, a gente se sente levado ao mesmo tempo à oração, ao esquecimento de si e à caridade.
A vermos a dedicação dos padioleiros e a paz serena dos doentes; a verificarmos a fraternidade que congrega numa mesma invocação fiéis de todas as origens; a observarmos a espontaneidade do auxílio mútuo e o fervor, sem afetação, dos peregrinos ajoelhados diante da gruta, os melhores são empolgados pelo atrativo de uma vida mais totalmente dada ao serviço de Deus e de seus irmãos; os menos fervorosos tomam consciência da sua tibieza e reencontram o caminho da oração; não raras vezes os pecadores mais empedernidos e os próprios incrédulos são tocados pela graça, ou, ao menos, se são leais, não ficam insensíveis ao testemunho daquela “multidão de crentes que têm um só coração e uma só alma” (At 4, 32).
Que benefícios não estaríamos no direito de esperar para a Igreja se cada peregrino de Lourdes - e mesmo todo cristão unido de coração às celebrações do centenário - realizasse primeiramente em si mesmo essa obra de santificação, “não em palavras e de língua, mas em atos e em verdade” (1 Jo 3, 18)?
Tudo, aliás, a isso ali o convida, pois em parte alguma, talvez, tanto quanto em Lourdes, a gente se sente levado ao mesmo tempo à oração, ao esquecimento de si e à caridade.
A vermos a dedicação dos padioleiros e a paz serena dos doentes; a verificarmos a fraternidade que congrega numa mesma invocação fiéis de todas as origens; a observarmos a espontaneidade do auxílio mútuo e o fervor, sem afetação, dos peregrinos ajoelhados diante da gruta, os melhores são empolgados pelo atrativo de uma vida mais totalmente dada ao serviço de Deus e de seus irmãos; os menos fervorosos tomam consciência da sua tibieza e reencontram o caminho da oração; não raras vezes os pecadores mais empedernidos e os próprios incrédulos são tocados pela graça, ou, ao menos, se são leais, não ficam insensíveis ao testemunho daquela “multidão de crentes que têm um só coração e uma só alma” (At 4, 32).
15. Geralmente, entretanto, essa experiência de alguns breves dias de peregrinação não basta, por si só, para gravar em caracteres indeléveis o apelo de Maria a uma autêntica conversão espiritual.
O retorno a uma prática assídua dos sacramentos, o respeito da moral cristã em toda a vida, o ingresso, enfim, nas fileiras da Ação católica e das diversas obras recomendadas pela Igreja: só nestas condições o importante movimento de multidões previsto em Lourdes dará, segundo a própria expectativa da Virgem imaculada, os frutos de salvação tão necessários à humanidade presente.
16. Por mais primordial, porém, que ela seja, a conversão individual do peregrino não poderia, aqui, bastar.
“Que os espíritos obcecados... sejam iluminados pela luz da verdade e da justiça”, já pedia Pio XI por ocasião das festas marianas do jubileu da redenção; “que os que se transviam no erro sejam reconduzidos ao reto caminho, que uma justa liberdade seja em toda parte concedida à Igreja, e que uma era de concórdia e de verdadeira prosperidade se levante sobre todos os povos”(18).
Notas:
(17) Ofício da festa das Aparições. 1° Responso do III Noct.
(18) Carta de 10 de janeiro de 1935; AAS 27, p. 7.
(17) Ofício da festa das Aparições. 1° Responso do III Noct.
(18) Carta de 10 de janeiro de 1935; AAS 27, p. 7.