A UNIVERSIDADE E A INTENSIDADE DA DOR DE NOSSO SENHOR

Ao falar da Paixão, São Tomás mostra que a dor nela suportada por Jesus foi Universal, não por  ter Ele suportado todos os sofrimentos possíveis,

Mas por ter suportado todos os tipos de sofrimento que vivenciamos nesta vida.

Se considerarmos as pessoas que o fizeram sofrer, não há um só grupo que não tenha contribuído para a Sua Paixão: judeus e gentios, príncipes dos sacerdotes e simples israelitas, todos se encarniçaram contra Ele; entre seus apóstolos, Judas o trai, Pedro o nega, e todos com exceção de João, o abandonam.

Se considerarmos os bens de que foi privado, Ele sofreu em sua reputação e sua honra pelas calúnias, as injúrias, as blasfêmias, os escárnios de que foi vítima; sofreu em suas afeições por ver-se abandonado por Seus amigos mais queridos;

Em Sua alma, triste e angustiada até a morte; em Seu corpo, despojado de suas vestes, flagelado, coroado de espinhos, crucificado…

A intensidade do sofrimento de Nosso Senhor

De acordo com o testemunho de São Tomás, esses sofrimentos foram os maiores que se poderia suportar neste mundo.

Dotado de uma sensibilidade aguçada, Ele sentia mais intensamente que os outros homens todas as torturas físicas e morais que lhe foram infligidas.

Além disso, como as suas dores íntimas vinham de todos os pecados de todo o gênero humano, que Ele carregou sobre si diante de Seu Pai, não poderemos jamais compreender a
sua intensidade;

Para tanto, seria preciso ter consciência, não somente do número de da gravidade desses pecados, mas também e sobretudo da grandeza de Seu amor por Deus ultrajado por tantos crimes, e da grandeza de Seu amor pelos homens.

Essa intensidade foi agravada por não ter sido suavizada, em certos momentos, por nenhuma consideração da razão superior, nem por uma distração: desejando beber até o fim o cálice da amargura, Jesus não permitiu que a sua razão temperasse sua tristeza mortal por nenhum pensamento consolador ou digressivo.

Foi a dor pura, sem mistura. Ele quis até mesmo vivenciar aquele sentimento de abandono e de completo desamparo que o fez dizer na Cruz: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?”.

Digo a certos momentos, porque aprouve à bondade divina proporcionar-lhe algumas consolações, enviando-lhe, ao longo da Via Dolorosa e no Calvário, algumas almas compassivas que suavizaram um pouco a angústia de Sua alma.

E podemos dizer também que Ele tinha presente que, ao longo, dos tempos, milhões de almas iriam compadecer-se de seus sofrimentos, e essa visão antecipada consolava o Seu coração.

Mas Ele previa também a ingratidão, a indiferença, o ódio de milhões de outras pessoas que continuariam a insultá-lo, a blasfemar, a tornar inútil para muitos o fruto de sua redenção. E essa previsão agravava ainda mais as angústias de Sua Paixão.

Acrescentemos ainda que não foi somente no final de sua vida que Ele precisou suportar todas essas dores; desde Sua entrada no mundo Ele as viu delinear-se claramente diante de si, e na realidade a sua vida inteira foi um longo Martírio…

Fonte: “A Divinização do Sofrimento” do Rev. Pe. Adolphe Tanquerey

Fonte: Associação Apostilado do Sagrado Coração de Jesus

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