AS FREIRAS SE DEDICAM SOMENTE A REZAR E LER A BÍBLIA NO CANVENTO?
Existem muitas ideias sobre a vida religiosa, algumas certas, outras bem distantes da realidade...
É normal e justo ter uma primeira impressão das pessoas religiosas como homens e mulheres que se dedicam quase exclusivamente a rezar e a ler a Bíblia.
Na realidade, é uma boa impressão, mas sabemos que a vida religiosa não consiste apenas nisso. Certamente, rezar e ler a Bíblia são ações essenciais em toda comunidade religiosa, mas a vida consagrada está cheia de outras atividades maravilhosas, como os momentos comunitários, a vivência da oração em comunidade, a convivência diária, o apostolado ou missão etc.
Para responder a esta questão, convidamos uma religiosa da Comunidade Discípula do Bom Pastor, a irmã Petrona, quem, além de ser uma feliz religiosa, estudou filosofia, teologia e atualmente se encontra estudando a licenciatura em Sagradas Escrituras.
Uma das muitas ideias que se tem sobre a vida religiosa ou consagrada é que nós passamos o tempo todo rezando ou lendo a Bíblia, e de cara posso dizer que não é bem assim. Lembro-me da minha fundadora contando que, quando ela entrou no convento, pensava que os anjos preparavam a comida, já que, quando ela chegava ao refeitório, tudo estava servido à mesa; mas ficou surpresa quando lhe disseram que era sua vez de preparar o café da manhã. Então, ela disse: “Ah, então eu também sou um anjo daqueles que prepara o café?”...
Algo similar ocorreu comigo quando ainda não conhecia nem havia vivido as inúmeras atividades que temos de realizar na vida religiosa. E não se trata apenas de realizar atividades, mas de vivê-las com atitude, com espírito, como costumamos dizer; assim, por exemplo, quando estamos na etapa de formação, aprendemos a cozinhar, fazer trabalhos manuais, ter hábitos de bons costumes, temos aulas voltadas para a linha humana e espiritual (método de oração, desenvolvimento da personalidade, secretaria, cultura geral, cozinha, trabalhos manuais, liturgia, Bíblia, evangelização etc.).
Saímos para realizar um apostolado nos finais de semana e visitamos nossos familiares todos os meses, quando moram perto; também servimos no refeitório e fazemos alguns passeios. Isso só nas etapas iniciais da nossa formação.
Na fase do noviciado, intensifica-se a vida de oração; é como viver um deserto espiritual, porque nos exercitamos na vida de silêncio e na escuta interior, sobretudo por meio da Palavra de Deus, do trabalho e do conhecimento do carisma e da espiritualidade do instituto.
Talvez esta seja uma das razões pelas quais às vezes se pensa que avida religiosa é só para estar rezando e lendo a Bíblia. Mas, vista assim, parece ser muito chata, ainda que seja parte essencial da nossa vida: quem não ora, perde a vocação; e quem não lê ou escuta Deus na Bíblia, não poderá conhecer Cristo.
Mas tudo tem uma ordem; o importante é conseguir estabelecer um equilíbrio entre mística-práxis e reflexão, o que será um trabalho para a vida toda, porque, quando já estamos consagradas, nós nos dedicamos ao trabalho pastoral ou segundo as tarefas do carisma congregacional.
Para algumas, o trabalho principal será ser professora, enfermeira, atender as crianças, a catequese, a pastoral, o escritório etc. Atenção: eu disse “trabalho principal”, mas não o mais importante.
Também precisamos continuar em nossa formação permanente; o aspecto intelectual é muito importante para responder aos desafios atuais – daí que algumas estudem certas especialidades das ciências humanas ou teológicas, segundo vão se apresentando as necessidades e aptidões de cada uma.
Fonte: Aleteia
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