NA FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
Assunção, detalhe iluminura s. XV.
Columbia University, UTS MS
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“A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o
curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”
Com essas imorredouras palavras, o Santo Padre Pio XII definiu
o dogma da Assunção da Santíssima Virgem ao Céu em corpo e alma, solenemente
proclamado no dia 1º de novembro de 1950, pela Constituição dogmática
“Munificentissimus Deus”.
A solene proclamação desse augusto dogma veio coroar séculos de
devoção a Nossa Senhora enquanto tendo sido levada aos Céus em corpo ressurreto
e alma.
Na difusão desta verdade e desta devoção a Idade Média deu um
contributo fundamental.

A fé na Assunção vem dos tempos apostólicos. As primeiras
referências escritas se encontram na liturgia oriental que no século IV já
comemorava a subida ao Céu de Nossa Senhora na festa da “Lembrança de Maria”.
A festa passou a ser denominada “Dormição de Maria” no
século VI e o imperador bizantino Maurício fixou a data de 15 de agosto, apenas
confirmando um costume pré-existente.
Diversos Padres e Doutores da Igreja forneceram a justificação
teológica. Mas, a doutrina da Assunção de Nossa Senhora foi verdadeiramente
aprofundada nos tempos medievais.
No século XII o tratado Ad Interrogata, atribuído
incorretamente a Santo Agostinho defendeu a assunção corporal da Mãe de Deus.
Santo Tomás de Aquino e outros grandes teólogos medievais
declararam-se decisivamente em favor desta verdade.
Coroando estas aspirações, no século XVI, o Papa São Pio V
reformou o Breviário e incluiu orações que defendiam essa verdade largamente
espalhada nos séculos medievais precedentes.
Ouça: Maria subiu ao Céus (Assumpta est Maria in Coelo. Vésperas. Gregoriano)
In festo Assumptionis B M Virginis,
ColumbiaUniversity, UTS MS 15.

Não espanta pois que quando o Papa Pio XII consultou o
episcopado do mundo em 1946 na carta Deiparae Virginis Mariae, a resposta quase
unanime é que deveria ser proclamada dogma. “O dogma da Assunção de Nossa
Senhora foi ardentemente desejado pelas almas católicas do mundo inteiro, porque
é mais uma das afirmações a respeito da Mãe de Deus que A coloca completamente
fora de paralelo com qualquer outra mera criatura e justifica o culto de
hiperdulia que a Igreja lhe tributa. “Nossa Senhora teve uma morte suavíssima,
tão suave que é qualificada pelos autores, com uma propriedade de linguagem
muito bonita, a “Dormição da Bem-Aventurada Virgem Maria” (Dormitio Beatae
Mariae Virgine), indicando que Ela teve uma morte tão suave, tão próxima da
ressurreição que, apesar de constituir verdadeira morte, entretanto é mais
parecida a um simples sono. “Nossa Senhora, depois da morte, ressuscitou como
Nosso Senhor Jesus Cristo, foi chamada à vida por Deus e subiu aos Céus na
presença de todos os Apóstolos ali reunidos, e de muitos fiéis. “Essa Assunção
representa para a Virgem Santíssima uma verdadeira glorificação aos olhos dos
homens e de toda a humanidade até o fim do mundo, bem como proêmio da
glorificação que Ela deveria receber no Céu. “A Igreja triunfante inteira vai
recebê-la, com todos os coros de anjos; Nosso Senhor Jesus Cristo a acolhe; São
José assiste à cena; depois Ela é coroada pela Santíssima Trindade
Assunção de Nossa Senhora, iluminura s. XV.
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“É a glorificação de Nossa Senhora aos olhos de toda a Igreja
triunfante e aos olhos de toda a Igreja militante. “Com certeza, nesse dia, a
Igreja padecente também recebeu uma efusão de graças extraordinárias. “E não é
temerário pensar que quase todas as almas que estavam no Purgatório foram então
libertadas por Nossa Senhora nesse dia, de maneira que ali houve igualmente uma
alegria enorme. Assim podemos imaginar como foi a glória de nossa Rainha. “Algo
disso repetir-se-á, creio, quando for instaurado o Reino de Maria, quando virmos
o mundo todo transformado e a glória de Nossa Senhora brilhar sobre a Terra”.
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, “Catolicismo”,
agosto de 2001)